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Bolsonaro revela preconceito e ignorância ao vetar comercial do Banco do Brasil

A propaganda, que tinha por objetivo atrair jovens para a clientela do banco, mostrava a diversidade que é uma das principais características da população brasileira

A íntegra do vídeo pode ser vista no YouTube. Confira

Procurada, a assessoria do presidente Bolsonaro não retornou até a conclusão dessa reportagem.

 

No melhor estilo "sempre foi assim", que tanto mal faz à modernização das práticas empresariais, o presidente se incomodou com um comercial que nada tem de chocante aos olhos da tradicional família brasileira. Tirou do ar porque a propaganda tinha negros demais e brancos de menos? Faltaram homens brancos de olhos azuis como seus rebentos? Ou foi a tatuagem que desceu quadrada para o homem que se elegeu como um conservador nos costumes e liberal na economia (ainda que essa conversão ao liberalismo seja um tanto artificial)?

Talvez o BB do imaginário de Bolsonaro seja um banco inadequado para jovens descolados, com aparência de quem não tem muito dinheiro para investir. Os concorrentes agradecem. Afinal, qualquer empresa moderna sabe que, se não renovar seus clientes, perderá espaço a médio e longo prazo.

Para além da censura à propaganda específica, o que preocupa é a vocação de Bolsonaro para perder tempo com questões menores, sendo presidente de um país com problemas oceânicos. Não bastassem as confusões nas redes sociais, causadas pelos filhos – especialmente o vereador Carlos Bolsonaro – e a paralisia em ministérios importantes, como o da Educação, o presidente resolve se intrometer na publicidade das estatais, talvez para gradar seus eleitores mais xiitas, que têm urticária a expressões universais como direitos humanos e diversidade. 

A mais recente informação é de que, depois do episódio do Banco do Brasil, Bolsonaro quer aprovar os comerciais de todas as estatais antes da divulgação. Como diz a propaganda do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, o Conar, é preciso separar o que é gosto pessoal do que é ofensivo à ética.

No caso do comercial do BB, o veto é baseado apenas no gosto pessoal – e duvidoso – de um homem que mais de uma vez já se revelou preconceituoso, machista, homofóbico e racista. 

Rosane de Oliveira

/ZH