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Enquanto 13 milhões passam fome, cada brasileiro desperdiça 41 quilos de comida por ano

Segundo cálculos da FAO, 8,7 milhões de toneladas de comida vão para o lixo no Brasil.

 

 

O desperdício ainda pesa no bolso e prejudica o meio ambiente, pois os recursos utilizados para a produção de alimentos acabam sendo em vão. (Gilson Abreu/ANPr)

 

Por Patrícia Almada
Repórter DomTotal

O desperdício de alimentos no Brasil é um problema que preocupa entidades e organizações como a Fundação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO), que calcula em 13 milhões o número de pessoas que passam fome no país.

Enquanto milhões não têm o básico para se alimentar, estatísticas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram que o brasileiro joga fora, em média, 41,6 quilos de comida por ano. Desse volume, 38% são arroz e feijão; 35% carnes de frango e bovina; 4% leite e derivados e outros 4% de frutas e hortaliças. Outros itens como massas, peixe e grãos aparecem nos números da FGV. 

O levantamento mostra também que o brasileiro enxerga o desperdício como um grande problema. Porém, não se responsabiliza pelo seu próprio erro, apenas considera que pessoas próximas possuem o hábito de jogar comida fora.

Em entrevista ao jornal Extra, um dos responsáveis pela pesquisa, o analista de marketing da MindMiners, Rodrigo Patah, associa o hábito de jogar alimentos fora com fartura.

“O Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam alimento no mundo, e isso é cultural. Os resultados que tivemos em diversos tamanhos de domicílios, tanto em lares de pessoas que moram sozinhas, quanto em casas com quatro, cinco pessoas; da classe A a E foram bastante semelhantes”, disse.

Patah ainda complementa que, se não houvesse tanto desperdício, compras de mais itens do que as pessoas necessitam, haveria reduções econômicas importantes. “Até a inflação dos alimentos seria menor, se o brasileiro não jogasse tanta comida fora. É necessária uma conscientização”, opinou o analista.

Dados alarmantes

Segundo cálculos da FAO, 8,7 milhões de toneladas de comida vão para o lixo no Brasil. Justamente o suficiente para alimentar as 13 milhões de pessoas que passam fome no país.

Já no âmbito internacional, um terço da produção total de alimentos, ou 1,3 bilhão de toneladas é jogado fora. Baseado nessa estatística, 2 bilhões de pessoas poderiam ser alimentadas com todo o desperdício.

Segundo dados do Instituto Akatu, ONG voltada para o consumo consciente, se uma família que gasta R$ 650 com alimentos reduzisse pela metade o desperdício e depositasse esse valor, aproximadamente R$ 90, acumularia R$ 1 milhão em 70 anos.

O desperdício ainda pesa no bolso e prejudica o meio ambiente, pois os recursos utilizados para a produção de alimentos acabam sendo em vão.

Dicas

Para a nutricionista e doutora em ciência dos alimentos, Fernanda Gandra, o brasileiro desperdiça os alimentos por vários fatores. “Primeiro o desperdício está em casa, pois cada morador não tem consciência do aproveitamento integral dos alimentos. Cada dia as pessoas fazem os alimentos de um jeito diferente. Sendo assim, há muitas sobras. Outra questão se deve à escolha de alimentos ‘bonitos’, com uma aparência agradável. Isso faz com outros, que apresentem alguns defeitos, sobrem nos supermercados ou comércios alimentícios. Além disso, as pessoas não sabem direito por quanto tempo o alimento deve ser conservado”, afirma.

A nutricionista dá algumas dicas de como o brasileiro pode ajudar a reduzir o desperdício. “Fazer um planejamento de cardápio ajuda a reduzir o desperdício, pois tenta-se otimizar os alimentos que se têm durante a semana. Se houver sobras também se planejar para fazer uma receita, o que otimiza o rendimento. Outra maneira de evitar o desperdício é porcionar os alimentos. Dependendo do número de pessoas, se a gente porciona, verifica por quanto tempo esse alimento será utilizado, daria para congelar ou refrigerar. Sendo assim, quando se porciona, retira-se a quantidade adequada de alimentos e evita sobras que seriam jogadas fora”, diz.

Fernanda também explica que utilizar partes não nobres de alimentos, como cascas, talos e sementes, ajuda a reduzir o índice de comida fora. “Alguns itens são mais conhecidos para aproveitamento, como a casca da abóbora, abacaxi e banana. Porém, por falta de informação, se joga a casca de várias frutas ou vegetais, talos de plantas como couve, alface, que poderiam ser utilizadas em outras receitas como sopas e torta de legumes. Essa separação inteligente, usando partes que seriam desperdiçadas é fundamental”, conta.

Outra dica dada por Fernanda é a avaliação da qualidade de amadurecimento da fruta ou hortaliça e leguminosa para utilizar em outras preparações. “Se a fruta estiver muito madura e se realizarmos o processamento adequado, como geleias e doces, não precisariam ser descartadas. E quando essa fruta ou hortaliça não estiverem tão maduras podem servir para outras preparações. Fazer o congelamento dos alimentos também é uma alternativa. É só descascar, picar e congelar porque aí não há o desperdício”, finaliza.

Redação Dom Total