Assim se faz a boa educação, no convívio entre diferentes em permanente evolução. Assim se faz a boa política. Para tanto é preciso humildade, talvez a maior prova de sabedoria.
As fragilidades do governo Bolsonaro começam a tornar inevitável a mudança. Contudo, a mudança pode ter o sentido das ruas ou não. (Nelson Almeida/Reuters)
Por Marcel Farah
Na educação o importante é tentar, experimentar.
Dizem que, para inventar a lâmpada elétrica, Thomas Edison acertou após a milésima tentativa. Ou seja, os mil erros anteriores permitiram o aperfeiçoamento até chegar à luz escandescente.
Quem não suporta os erros não reconhece suas limitações, e por isso não pode conviver com quem discorda. A convivência com quem pensa diferente permite o embate saudável de ideias e a reconstrução permanente destas, até seu aperfeiçoamento.
Assim se faz a boa educação, no convívio entre diferentes em permanente evolução. Assim se faz a boa política. Para tanto é preciso humildade, talvez a maior prova de sabedoria. Por outro lado, é preciso estar aberto à mudança, pois ela sempre vem.
Pois bem, digo isso para puxar o assunto da mudança que representam as manifestações históricas pelas quais passamos neste dia 15 de maio. Estudantes, professoras e professores, trabalhadoras e trabalhadores da educação e mais um monte de gente se engajaram em manifestações em todos os estados do país, com indícios de que mais de 1 milhão de pessoas tenham se empenhado na defesa da educação. Contra os cortes orçamentários, mas acima de tudo contra o obscurantismo de Bolsonaro.
A primeira resposta do presidente às mobilizações, mostra que ele dobrou a aposta, Bolsonaro chamou os manifestantes de “idiotas úteis”, “massa de manobra”. Prova de que este governo não pode conviver com o diferente, com sua oposição, a arrogância não lhe permite evoluir. Por outro lado, é um governo que não entende seus limites, para o bem ou para o mal.
As fragilidades do governo Bolsonaro começam a tornar inevitável a mudança. Contudo, a mudança pode ter o sentido das ruas ou não. O maior risco que a sociedade brasileira e nossa frágil democracia correm, de agora em diante, é que a reação venha de dentro de setores do governo que passem a considerar Bolsonaro descartável, principalmente o Exército.
Voltando ao método das tentativas, é importante considerar que historicamente, quando as ruas se colocaram contra governos autoritários, sem alterar a correlação de forças, como em 1968, o resultado foi mais autoritarismo. Portanto, o momento é de início e não de fim.
A educação unifica. Muita gente que andava separada se uniu nessas manifestações. Juntos podemos avançar para outras pautas como a da Previdência e da greve geral de 14 de junho. Somente com o fortalecimento de uma agenda progressiva de combate à extrema direita, aliada à batalha da comunicação será possível alterar a correlação de forças sociais, impedindo que a mudança ocorra para o lado errado.
O bom, é que, se depender da disposição, as manifestações de 15 de maio mostraram ser plenamente possível.
dom total///
