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Luta longa e necessária

A misoginia funciona como uma ideologia ou sistema de crença que tem acompanhado o patriarcado ou sociedades dominadas pelo homem.

 

 

Questão complexa, dolorosa, sentida na pele por todas as mulheres. (Pixabay)

 

Por Eleonora Santa Rosa*

“Misoginia é o ódio, desprezo ou preconceito contra mulheres ou meninas. A misoginia pode se manifestar de várias maneiras, incluindo a exclusão social, a discriminação sexual, hostilidade, androcentrismo, o patriarcado, ideias de privilégio masculino, a depreciação das mulheres, violência contra as mulheres e objetificação sexual.”

“A [misoginia] é um aspecto central do preconceito sexista e ideológico, e, como tal, é uma base importante para a opressão de mulheres em sociedades dominadas pelo homem. A misoginia é manifestada em várias formas diferentes, de piadas, pornografia e violência ao autodesprezo que as mulheres são ensinadas a sentir pelos seus corpos."

"A misoginia funciona como uma ideologia ou sistema de crença que tem acompanhado o patriarcado ou sociedades dominadas pelo homem por milhares de anos e continua colocando mulheres em posições subordinadas com acesso limitado ao poder e tomada de decisões."

“A retórica misógina prevalece on-line e cresceu retoricamente mais agressiva. O debate público sobre ataques baseados em gênero tem aumentado significativamente, levando a apelos para intervenções políticas e melhores respostas por redes sociais como Facebook e Twitter.”

“Um estudo de 2016 conduzido pelo think tank Demos concluiu que 50% de todos os tuítes misóginos no Twitter vêm das próprias mulheres. A maioria dos alvos são mulheres que são visíveis na esfera pública, mulheres que falam sobre as ameaças que recebem e mulheres que são percebidas como associadas ao feminismo ou ganhos feministas.”

Questão complexa, dolorosa, sentida na pele por todas as mulheres, em maior ou menor grau, sempre expostas, nas mais diversas esferas, especialmente no campo profissional, a ataques, diretos e indiretos, desde sempre. Até pouco tempo, era raro o entendimento ou mesmo o uso da designação adequada à fonte imemorial do preconceito, do incômodo, da coação, do abuso, da humilhação, da violência gestual e/ou verbal sofrida pelas mulheres, não claramente nomeada como tal, mas, nos dias de hoje, de explícita definição: MISOGINIA!

Difícil não detectar atitudes, falas, comportamentos cotidianos que expressam a mais absoluta e genuína misoginia, seja no campo religioso, político, afetivo, familiar, educacional, sexual ou do trabalho, alcançando múltiplos e diversos praticantes – machistas (mulheres, inclusive), machos-alfa, gays, patricinhas, mauricinhos, conservadores, ortodoxos, moderninhos, progressistas, ateus, agnósticos, anarquistas, comunistas, socialistas, direitistas, capitalistas, enfim, todo(a)s o(a)s demais “istas”.

Por suas sequelas indeléveis, torna-se a cada dia mais essencial o discernimento e a ação imediata contra a repulsiva, institucionalizada e incorporada prática da misoginia, não importando, nesse particular, condição social, pátria, língua, crença ou mesmo grau de escolaridade ou segmento de atuação.  

*Eleonora Santa Rosa – 56 anos. Jornalista, gestora e empreendedora cultural, foi Secretária de Estado de Cultura de Minas Gerais.

 

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