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Entenda por que Sérgio Moro mudou a estratégia no caso Intercept

Divulgação das conversas aos poucos obriga ex-juiz da Lava Jato a agir estrategicamente a partir dos elementos que vão aparecendo.

 

 

Moro passou a questionar veracidade das conversas divulgadas (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

Por Rômulo Ávila
Repórter Dom Total

Criminalistas e cientistas políticos apontam uma mudança de estratégia do ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro no caso das mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil. Se no primeiro momento ele focou no fato de as provas serem ilícitas, agora, após a sequência das denúncias, ele tenta questionar a veracidade do material.

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A mudança foi percebida após ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), juristas e criminalistas argumentarem que provas ilícitas podem ser usadas em favor de réus. 

“Na verdade, Moro está agindo estrategicamente. Ele iniciou com uma linha de defesa, tentando afastar qualquer tipo de ilicitude dele e, quando viu que ficou difícil, particularmente porque o vazamento tem vindo a conta gotas, mudou a postura”, analisa a cientista política e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marjorie Marona em entrevista ao Dom Total.

Para Marjorie, o fato de o The Intercept Brasil divulgar o material aos poucos complica a estratégia de defesa de Moro. "Como ele não tem acesso a todo conteúdo, ele se vê obrigado a se adequar, digamos assim, a cada vez que um novo vazamento aparece”.

A cientista política argumenta que existe no mundo jurídico certo consenso de que a conduta de Moro é altamente questionada. “Diante desse consenso e pela falta de controle que ele tem sobre as informações e do que ainda está por vir, ele se viu obrigado a alterar a versão. Acho que ele está agindo estrategicamente a partir dos elementos que vão aparecendo. Ele não nega ainda (que as conversas são dele) , mas agora já fala que não se lembra, que pode ter havido alguma alteração das conversas”, diz.

O advogado e professor da Dom Helder Escola de Direito Michel Reiss, um dos criminalistas mais respeitados de Minas Gerais, vê com tristeza a parcialidade de Moro exposta nos diálogos. “Provavelmente é uma mudança de estratégia. Essa novela ainda vai ter alguns capítulos,  mas cabe aguardamos a apuração e torcer para que tudo seja esclarecido o mais rápido possível, com essa tristeza de ver a parcialidade da Justiça quebrada”.

Reiss explica por que as conversas, casos sejam verídicas, podem ser usadas. “Provas ilícitas podem ser utilizadas em favor de réus por vários motivos, principalmente pela questão do estado de necessidade, e porque, sempre digo isso, em um Estado Democrático de Direito não se tem interesse em punir inocentes. Então, mesmo que a prova seja ilícita, a gente não pode admitir processos arbitrários e por tal razão ela pode ser utilizada”, disse.

O The Intercept Brasil sustenta a veracidade do material divulgado. Veículos tradicionais de imprensa – O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e Veja – têm considerado, em seus editoriais, o material como verídico e manifestaram urgência nas investigações e o afastamento dos citados na reportagem.  “Moro não consegue organizar uma estratégia de pronto e seguir nela porque novos elementos vão surgindo no cenário”, avalia Marjorie Marona.

 

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