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Deltan Dallagnol recebeu R$ 33 mil para dar palestra em empresa investigada na Lava Jato

 

 

Segundo o site ‘The Intercept Brasil’, ele ‘também fez aproximação entre representantes da firma e procuradores para emplacar produto da companhia em trabalhos da força-tarefa’.

 

Após já ter recebido o valor pela palestra e pela propaganda pelos produtos da empresa, ele chegou a dizer para colegas: "Isso é um pepino para mim". (Paulo Whitaker/Reuters)

Atualizado às 10h35

Um novo vazamento da Lava Jato, publicado nesta sexta-feira (26) pelo site The Intercept Brasil em parceria com o jornal Folha de S.Paulo, revelam que o procurador e coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol deu uma palestra remunerada, em março de 2018, na empresa de tecnologia Neoway, investigada por corrupção pela força-tarefa. Ele teria recebido R$ 33 mil da companhia, quando ela já estava citada numa delação que tem como personagem central Cândido Vaccarezza, ex-líder de governos petistas na Câmara que foi preso em 2017, e em negociatas na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras privatizada na terça-feira.

Ainda conforme o The Intercept Brasil e a Folha, Dallagnol também aproximou a Neoway de outros procuradores com a intenção de comprar produtos para uso da Lava Jato. “Ele chegou a gravar um vídeo para a empresa, enaltecendo o uso de produtos de tecnologia em investigações – a Neoway vende softwares de análise de dados”.

Após já ter recebido o valor pela palestra e pela propaganda pelos produtos da empresa, ele chegou a dizer para colegas: “Isso é um pepino para mim”. Contudo, somente “escreveu à corregedoria do Ministério Público Federal para prestar ‘informações sobre declaração de suspeição por motivo de foro íntimo’ quase um ano depois, quando o processo foi desmembrado no STF e uma parte foi remetida à Lava Jato de Curitiba”.

"Missão educativa"

Em entrevista a uma rádio na manhã desta quinta-feira, Dallagnol afirmou que as palestras que realiza pelo Brasil a convite de empresas privadas são "legais e admitidas pela Constituição". De acordo com o procurador, a maior parte de suas palestras é gratuita.

Questionado na entrevista se, independentemente da questão legal envolvendo os pagamentos pela Neoway, é papel de um agente público se envolver financeiramente com empresas privadas, Dallagnol respondeu que sua "missão" ao fazer as palestras é "educar a sociedade sobre a corrupção e promover a Operação Lava Jato na sociedade".

O procurador também falou sobre a possibilidade de as primeiras mensagens vazadas pelo site The Intercept gerarem suspeição sobre a atuação do então juiz federal Sergio Moro no julgamento dos processos da Lava Jato. De acordo com ele, um juiz só pode ser considerado suspeito se for amigo íntimo de uma das partes ou quando tiver interesse pessoal nos processos. "Nunca fomos amigos, eu e o ministro Moro. Nunca frequentei sua casa nem ele a minha, nunca fomos a aniversários um do outro, não somos íntimos", falou sobre a primeira hipótese, limitando-se a dizer que Moro julgou muitos processos sem conexão entre si para que fique provado interesse pessoal em algum deles.

 

Redação Dom Total///