Fórum Econômico Mundial sugere que mudar a dieta reduziria as mortes em até 5% nos países mais ricos, além de limitar as emissões de gases de efeito estufa.
Reduzindo drasticamente o consumo de carne e produtos lácteos se chegaria a uma redução de 75% no uso de terras agrícolas. (Pixabay)
Preferir uma dieta vegetariana a uma dieta tradicional carnívora pode reduzir de 30% a 50% o consumo de terras cultivadas, agora cada vez mais “ocupadas” pela criação intensiva para produção de carne. É o resultado de um estudo realizado pelo Bard College, de Nova Iorque, publicado na Scientific Reports, que também sugere como essa escolha poderia reduzir o uso de fertilizantes nitrogenados e emissões de gases de efeito estufa, embora, por outro lado, aumentaria o uso de água para fins alimentares. Os cientistas estão à procura de soluções para mitigar os efeitos do aquecimento global, que o IPCC confirma hoje com o seu relatório Mudança climática e território nos obrigará a rever também os nossos hábitos alimentares.
A substituição de carne por alternativas vegetais foi estimada "em cerca de 29 milhões de hectares de terras cultivadas economizados a cada ano, 3 bilhões de kg de fertilizantes nitrogenados e 280 bilhões de kg de dióxido de carbono a menos na atmosfera dos EUA a cada ano".
Os pesquisadores usaram um modelo computadorizado para criar centenas de dietas vegetarianas que tivessem o mesmo teor de nutrientes que aquelas carnívoros (com base em tofu, pimenta verde, abóbora, trigo sarraceno e espargos), de modo a substituir tanto a carne vermelha como todos os três tipos de carne que dominam as mesas dos EUA: carne bovina, aves e suínos.
"O trigo sarraceno e o tofu forneceram em conjunto um terço do total de proteínas, mas representaram apenas 12% do fertilizante nitrogênio e da água consumida e menos de 22% das terras cultivadas necessárias para produzir as carnes – observam os autores. A soja contribuiu com a maior parte da proteína para dietas "verdes", mas representava apenas 6% do total de fertilizantes nitrogenados necessários para produzir carne bovina".
Essa pesquisa do Bard College não é a primeira avaliação a apoiar uma dieta vegetariana para salvar o planeta. Pesquisadores de Oxford calcularam que reduzindo drasticamente o consumo de carne e produtos lácteos se chegaria a uma redução de 75% no uso de terras agrícolas. Mudar a dieta, segundo o Fórum Econômico Mundial, reduziria as mortes em até 5% nos países mais ricos, além de limitar as emissões de gases de efeito estufa. O impacto sobre os recursos hídricos foi verificado por um comitê científico interno à Comissão Europeia, que na mudança da dieta estimou uma redução no consumo de água no nível global de 11% a 35% para as dietas contendo pouca carne, 33% a 55% para dietas à base de peixe e 35% a 55% para dietas vegetarianas. No início do ano, na França, a dieta sustentável foi lançada nas redes sociais pelo movimento segunda-feira verde, um evento semanal promovido para se acostumar a renunciar a carne e peixe, para a saúde e o meio ambiente.
La Repubblica/dom total///