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Fogo e manchas de óleo no paletó do ministro Ricardo Salles



A devastação ambiental se aproxima de uma tragédia irreversível

 

Salles jamais deveria sequer ser nomeado para o cargo que ocupa e conseguiu a façanha de mudar o status do Brasil de potência ambiental para de vilão da natureza (José Cruz/Agência Brasil)

 

Ricardo Soares*

Se as jangadas saírem para o mar, como sugeria a lendária canção de Dorival Caymmi, voltarão sujas do tal óleo imundo que detona as praias baianas e do Nordeste. Se o Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, fosse pitar na varanda de sua choupana não veria mais a mata a sua volta de onde parece fugir cada vez mais o Saci, o Curupira e tantas lendas que eram preservadas com a floresta. A devastação ambiental, que deveria ser cada vez mais contida conforme a especulação e a população brasileira aumentam, segue o rumo contrário se aproximando da tragédia irreversível. Pior, querem lotear o que resta. Pra rimar é apenas mais uma ação de um governo que não presta.

Na área do meio ambiente quem encarna o pior de tudo é esse ministro com cara anacrônica de yuppie dos anos 80, Ricardo Salles, do Partido “Novo”, ex-secretário de Geraldo Alckmin, que foi condenado por improbidade administrativa por aliviar punições a uma empresa desmatadora. 

Ou seja,  Salles jamais deveria sequer ser nomeado para o cargo que ocupa e conseguiu a façanha de mudar o status do Brasil de potência ambiental para de vilão da natureza graças a sua postura desprezível não só na crise das queimadas  da Amazônia. 

Ele nega os dados que indicam uma explosão no número de incêndios e focos de desmatamento da mesma forma que culpa as organizações não governamentais e os povos indígenas pelas queimadas na região numa irresponsabilidade inacreditável que agora parece se estender a culpar as ONGs pelo desastre ambiental que cobre as praias do Nordeste com petróleo. 

Ou seja, a culpa no cartório do desgoverno Bolsonaro é flagrante pela tragédia mas preferem lavar as mãos e apontarem as falhas alheias com os dedos imundos. Só lembrar que desde o início do ano, foram extintos dois comitês do Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Água (PNC).

O pior de tudo isso é que não se trata apenas de mera incompetência. É um plano pensado de destruição das políticas de preservação ambiental, pois nem o ministro Ricardo Salles esconde sua participação em reuniões com empresas poluidoras, é ainda festejado e apoiado por desmatadores, além de atuar como lobista dos interesses do agronegócio. 

Ou seja, uma raposa com estampa de yuppie cuidando do galinheiro. Um inimigo da natureza e da sustentabilidade. O pior entre os piores ministros do meio ambiente que o país já teve a ponto de conseguir com que seus antecessores se reúnam para pensar estratégias a fim de impedir as ações de Salles. 

Esse sujeito pode ser tudo, menos burro. É uma inteligência do mal deformada por sólidos preconceitos a tudo que cheira esquerda. Pior é um arauto do "direitismo" irresponsável que coloca a preservação ambiental no nicho da ideologia. 

A preservação não tem a ver com partidos. Tem a ver com civilidade, cidadania, responsabilidade. Preceitos que Salles desconhece mas sabe muito bem que está desrespeitando. Na hora que mais devíamos preservar estamos a exterminar. O futuro não será bom para os que ficam graças a monstrengos como Salles et caterva.

*Ricardo Soares é diretor de tv, roteirista, escritor e jornalista. Publicou 8 livros,dirigiu 12 documentários.

 

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