O deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) destacou a importância estratégica da Universidade Estadual do RS (Uergs) para o desenvolvimento do estado. A manifestação ocorreu durante audiência pública da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, da Assembleia Legislativa, presidida pela deputada Sofa Cavedon, que debateu a situação da instituição, na manhã de segunda-feira (04/10). Professores, servidores e alunos da Uergs lotaram o salão do Memorial do RS para reivindicar mais recursos para a Universidade, que administra um orçamento estadual congelado diante da necessidade de ampliar o quadro de professores e servidores. Também solicitaram a doação em definitivo à Universidade, do Centro de Treinamento da CEEE, onde a Uergs está provisoriamente instalada, no Bairro Agronomia, ou da área da extinta Cientec, no Centro Histórico. “Fico me perguntando como a Uergs, com tanta bravura, não só resiste perante dificuldades, mas se destaca com uma das mais importantes do país”, questionou-se o petista, lembrando que a Universidade já conquistou a terceira posição no ranking das universidades com melhor conceito de graduação no RS, em 2017.
O parlamentar lembrou a relevância das unidades de Três Passos e de São Luiz Gonzaga para o desenvolvimento da região e citou frase de Paulo Freire para destacar a importância do investimento público em ensino superior: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”, disse o petista. Ele ressaltou que um estado que se encontra em dificuldades financeiras, que sequer consegue pagar servidores públicos não pode prescindir da educação. “Se o RS abandonar a educação, como vem fazendo em todos os níveis, não haverá esperança”, alertou, referindo-se ao fechamento de escolas no interior gaúcho.
O reitor da Uergs, Leonardo Alvim Beroldt da Silva lembrou que a instituição, que abrange 4 mil alunos de graduação e cerca de 270 professores, 70% dos quais doutores, teve previsto para 2019 R$ 104 milhões, valor semelhante ao destinado para o ano que vem: R$ 108 milhões, e que no ano passado os recursos externos arrecadados representaram 11% além do orçamento, incluindo emenda do senador Paulo Paim. Porém, a Uergs teve de devolver R$ R$ 4,7 milhões desta verba porque não havia recurso do estado para a contrapartida necessária. “Na prática, tivemos de abrir mão dos R$ 13,5 milhões que eram referentes à emenda de bancada federal por conta disso”, completou. Ele destacou o decreto de contingenciamento estadual, que reduziu de R$ 13,5 milhões para R$ 10 milhões o custeio e disse esperar a aprovação pelo Legislativo de projeto que autoriza a criação de um Fundo próprio para a Uergs, “para garantir a autonomia administrativa, financeira, didática da Universidade”.
Gabriela Silva Dias, da Associação dos Docentes da Uergs, lembrou que apesar de a Universidade ser jovem, com apenas 18 anos, já possui um grande poder de transformação nas regiões. “Precisamos contratar docentes e técnicos administrativos para ter capacidade de gerar ainda mais desenvolvimento regional”, reforçou.
Ex-reitora da Uergs, Arisa Araújo da Luz disse acreditar na importância da criação do Fundo próprio, mas lembrou que a Universidade é pública e que os recursos para a manutenção devem vir, portanto, do Tesouro do estado. “Dinheiro para a Uergs não é custo, é investimento. O Fundo vem apenas como um complemento para a Universidade”, assinalou.
Fernando Guaragna Martins, ex-reitor e professor da Uergs concordou que a manutenção da Universidade deve ser garantida por recursos públicos. E lembrou que a instituição precisa de um local próprio definitivo: “Deem-nos um lugar onde nossos alunos tenham salas e condições de ensino adequadas. Se não for na CEEE, que seja na Cientec. Resolvam esta questão”, decretou.
Neste sentido, João Vivian, representante do Sindicato dos Engenheiros do RS – Senge, apresentou documento no qual o órgão criticou a extinção de fundações estaduais que produziam conhecimento para o RS e sugeriu que o Estado destine à Uergs o patrimônio referente a instituições que foram extintas.
O prefeito de Santo Antônio das Missões e presidente da Associação dos Municípios das Missões, Puranci Barelos dos Santos defendeu que recursos sejam direcionados para suprir demandas da Universidade e advertiu: “Se nós não nos unirmos para discutir ações necessárias para reforçar a educação do nosso país, as coisas vão ficar muito mais difíceis”
O secretário de Agricultura de Três Passos, Evandro Colombo, cidade onde há um campus da Uergs, salientou a importância daquela unidade para o desenvolvimento da região Celeiro. “Temos uma sede própria construída a muitas mãos; 90% dos acadêmicos de Agronomia são oriundos da agricultura familiar”, valorizou. Ele contou que a agropecuária local produziu R$ 226 milhões de valor adicionado. “É mais do que o dobro do orçamento da Uergs. Não conseguiríamos enxergar este crescimento e o desenvolvimento de Três Passos e região sem a nossa Universidade”, disse Colombo, que comentou: “Como é bonito ver um filho de agricultor ter acesso ao ensino superior. Em Três Passos, ninguém vai arrancar os alicerces da Uergs”.
Andréa Farias
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