13 de janeiro de 2020, 11:43 h
Filme de Petra Costa retrata a polarização política do Brasil e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e concorre ao Oscar de Melhor Documentário
O filme teve sua estreia mundial em Sundance, em janeiro do ano passado, e depois disso percorreu um importante circuito de festivais. Foto (Reprodução) A produção brasileira Democracia em Vertigem foi indicada ao Oscar 2020 na categoria Melhor Documentário. O filme, dirigido por Petra Costa, retrata a polarização política do Brasil e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. "O projeto foi crescendo na minha cabeça. Era preciso voltar à rua, seguir o processo no Congresso, documentar o que estava se passando no País. Só que para isso tive de voltar às greves do ABC.
E, filmando os acontecimentos, dei-me conta do isolamento no Planalto Central. Voltei a Juscelino (Kubitschek) e à construção de Brasília. E, nem assim, o filme me parecia completo. Veio o novo processo eleitoral, a candidatura de (Jair) Bolsonaro", disse ela ao Estado durante o lançamento do longa-metragem, disponível na Netflix. Democracia em Vertigem teve sua estreia mundial em Sundance, em janeiro do ano passado, e depois disso percorreu um importante circuito de festivais. Ganhou muitos elogios. Em diferentes países, Petra ouviu gente lhe dizer que não havia feito um filme só sobre o Brasil, e que o filme dela captava um momento crítico da história do mundo. O filme adota o formato da narrativa em primeira pessoa, o que é sempre um risco, mas que Petra já adotara em Elena, sobre o trágico suicídio de sua irmã.
A questão agora é saber quais são as reais chances de Edge of Democracy – título em inglês – no prêmio. Nos últimos anos, o Oscar de documentário tem privilegiado questões ambientais, o que pode favorecer Honeyland, da Macedônia, sobre uma cultivadora de abelhas. Democracia em Vertigem inclui imagens do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como um político insignificante que se aproveitou do processo de impeachment para alcançar notoriedade. Senão o presidente, o filho, Eduardo, já investiu contra o filme, considerando-o bem feito, mas dizendo que os norte-americanos, equivocadamente, o estão tomando como verdade absoluta. Só falta Petra conseguir o apoio de Greta Thunberg, a ativista ambiental sueca que tem feito a irritação do presidente por suas críticas à situação da Amazônia.
Agência Estado/dom total///