Desde os anos 1980, cada década foi mais quente do que a anterior, segundo a OMM
(1º jan) Inundação em Jacarta (AFP)
O ano passado foi o segundo mais quente desde o início dos registros, informou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) na quarta-feira, alertando que o calor provavelmente levará a eventos climáticos mais extremos, como os incêndios florestais australianos em 2020 e além. "Infelizmente, esperamos ver muitos eventos climáticos extremos em 2020 e nas próximas décadas, alimentados por níveis recordes de gases de efeito estufa que retêm calor na atmosfera", disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em um comunicado.
A OMM acrescentou que suas análises confirmam a informação fornecida pelo monitor climático da União Europeia na semana passada, que mostra que no ano passado foi o segundo mais quente, depois de 2016. Não há bons augúrios para 2020. "O ano 2020 começou aí onde 2019 terminou, com acontecimentos meteorológicos e climáticos de forte impacto", como na Austrália, que "experimentou em 2019 seu ano mais quente e mais seco já registrado", acrescentou. Este calor recorde "preparou o terreno a imensos incêndios que foram muito devastadores" na grande ilha continente, apontou. Segundo o balanço oficial, esses incêndios provocaram a morte de 28 pessoas, destruíram mais de 2 mil casas e queimaram uma zona de 100 mil quilômetros quadrados, maior do que a superfície da Coreia do Sul, e perturbaram as classificações do Aberto da Austrália.
Globalmente, as temperaturas médias desses cinco e dez últimos anos foram as mais elevadas já registradas. Desde os anos 1980, cada década foi mais quente do que a anterior, segundo a OMM, que acredita que essa tendência continuará. Segundo a agência especializada da ONU, a temperatura mundial anual em 2019 superou em 1,1 grau a média registrada na época pré-industrial (1850-1900). "Segundo a trajetória atual das emissões de dióxido de carbono, nos dirigimos a um aumento da temperatura de 3 a 5 graus Celsius até o final do século", advertiu Taalas. O Acordo de Paris de 2015 busca limitar o aquecimento a +2 graus ou +1,5 grau, mas mesmo que os cerca de 200 países signatários respeitarem seus compromissos de redução de gás com efeito estufa, o aquecimento poderá superar os 3 graus. Os cientistas já demostraram que cada meio grau a mais aumenta a intensidade e/ou a frequência de cânulas, tempestades, secas ou inundações.
Apesar dessa constatação, a conferência climática da ONU (COP25), celebrada em dezembro em Madri, não esteve à altura da urgência climática, uma chance perdida segundo o secretário-geral da ONU António Guterres, que pede mais ambição na luta contra o aquecimento. O aquecimento climático preocupa a ONU pois as temperaturas recorde não são o único problema enfrentado pela comunidade internacional. Derretimento de geleiras, níveis marítimos recorde, acidificação e aumento do calor dos oceanos, condições meteorológicas extremas são alguns dos fenômenos que caracterizaram a década passada, segundo a OMM.
AFP/dom total///