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Discurso nazista de Roberto Alvim provoca repúdio no Brasil e no mundo

Ex-secretário de Cultura parafraseou texto de Goebbles, braço direito de Hitler
 
 
 
 
 
O discurso do secretário de Cultura do governo Jair Bolsonaro, Roberto Alvim, citando textualmente trechos de um discurso do ideólogo nazista Joseph Goebbels, além de diversas referências a símbolos nazistas despertou um furacão de críticas.
 
 
 
 
 
A manifestação de Alvim ocorreu em um vídeo oficial publicado na véspera do lançamento de um novo Prêmio Nacional de Artes. As reações negativas vieram de todas as partes, dos meios políticos, culturais, diplomáticos e dentro do próprio governo. O bombardeio provocou a exoneração do secretário e, mesmo depois da publicação da demissão pelo Diário Oficial, continuaram a causar mal-estar ao governo. Um dos primeitros a se manifestar foi o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que pediu a demissão do secretário via Twitter. Pouco tempo depois, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre também se manifestou. "Como primeiro presidente judeu do Congresso Nacional, manifesto veementemente meu total repúdio a essa atitude e peço seu afastamento imediato do cargo", afirmou em nota. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, disse que "há de se repudiar com toda a veemência a inaceitável agressão que representa a postagem feita pelo secretário de Cultura" com referências ao nazismo.
 
 
 
Para o ministro, “é uma ofensa ao povo brasileiro, em especial à comunidade judaica". Em sua conta no Twitter, o ministro Gilmar Mendes também reprovou o vídeo de Alvim. "A riqueza da manifestação cultural repele o dirigismo autoritário nacionalista. A arte é, na sua essência, transformadora e transgressora. O que faz do Brasil um país grandioso é a força da sua cultura, fruto de um povo profundamente miscigenado e diversificado", escreveu Mendes. O ministro Rogério Schietti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), declarou que "intenções de que se ‘faça uma cultura que não destrua, mas salve a nossa juventude’, de que ‘almejamos uma nova arte nacional’ ou de que ‘a cultura será igualmente imperativa’ e de que se deseja ‘redefinir a qualidade da produção cultural em nosso país’, além de outras insólitas frases de palanque transmitidas em vídeo institucional, indicam um nítido desconhecimento do que seja arte e cultura e sinalizam para um direcionamento ideológico do que há de mais natural e espontâneo em qualquer nação.
 
 
A história já mostrou onde terminou esse tipo de discurso". O procurador-geral da República, Augusto Aras, se pronunciou a respeito afirmando que "ideias nazifascistas são totalitárias e destroem a democracia". Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, o secretário de Cultura, Roberto Alvim "ultrapassou todos os limites". Segundo o presidente da OAB, a declaração foi uma "clara e aberta apologia ideológica do regime nazista". Santa Cruz disse ainda que os "setores do governo testam há meses os limites democráticos", "flertam com as ditaduras de hoje e do passado". Diplomacia O embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, com quem Bolsonaro mantém proximidade, telefonou diretamente para o presidente manifestando seu incômodo e teria sido determinante para a decisão na exoneração. A embaixada da Alemanha em Brasília utilizou sua conta oficial no Twitter para comentar o episódio. "O período do nacional-socialismo é o capítulo mais sombrio da história alemã, trouxe sofrimento infinito à humanidade. A Alemanha mantém sua responsabilidade.
 
Opomo-nos a qualquer tentativa de banalizar ou mesmo glorificar a era do nacional-socialismo", publicou a embaixada. A imprensa estrangeira deu destaque ao caso. A revista alemã Der Spiegel disse que o discurso de Alvim foi chocante e destacou a ideia do ex-secretário de promover "religião e nacionalismo na arte". A publicação classificou o governo Bolsonaro como "populista de direita" Nos Estados Unidos, o jornal The New York Times destacou a demissão de Alvim por "evocar propaganda nazista" em vídeo que tocava ao fundo "uma ópera que Adolf Hitler considerava sua preferida". A agência de notícias Bloomberg acusou Alvim de "parafrasear líder nazista" e lembrou que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, é judeu e também se juntou aos que demandaram a demissão do chefe da Cultura. O jornal espanhol El País deu destaque à justificativa de Jair Bolsonaro no anúncio da demissão de Alvim publicado em suas redes sociais.
 
O presidente brasileiro falou em "pronunciamento infeliz" do ex-secretário e disse "repudiar as ideologias totalitárias. Além desses veículos, as falas e a demissão de Roberto Alvim também foram repercutidas pelas agências Efe, Lusa e Reuters, pelo jornal francês Le Figaro, pela rede de TV norte-americana CNN, entre outros.
 
 
 
Agência Estado/Dom Total