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MPF denuncia Glenn Greenwald e outros seis pela invasão de celulares de autoridades

Jornalista teria orientado outros denunciados durante as investigações sobre o vazamento de dados de autoridades
 
 
 
Greenwald também foi denunciado pelo crime de associação criminosa. (Marcos Oliveira/Agência Senado)
 
 
Atualizada às 14h27
 
 
O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília apresentou à Justiça nesta terça-feira uma denúncia criminal contra o jornalista americano Glenn Greenwald e outras seis pessoas por envolvimento no cometimento de crimes relacionados à invasão de celulares de autoridades brasileiras, informou o órgão em comunicado e na íntegra da acusação. Segundo o comunicado, o MPF disse que ficou comprovado que Greenwald, embora não fosse alvo das investigações, "auxiliou, incentivou e orientou o grupo durante o período das invasões". O jornalista revelou o escândalo conhecido como "vaza-jato". O MPF acusou os denunciados –que em sua maioria foram presos durante as investigações da Operação Spoofing, deflagrada pela Polícia Federal– e pede a condenação por interceptações telefônicas e de outros aparelhos obtidos de forma ilegal. Com exceção do jornalista, os demais também vão responder pelo crime de lavagem de dinheiro. Greenwald também foi denunciado pelo crime de associação criminosa. O conteúdo das mensagens foi objeto de uma série de reportagens desde junho do ano passado pelo site editado por Greenwald em colaboração com outros veículos e levantou a suspeita de que procuradores da República e o atual ministro da Justiça, Sergio Moro, quando atuava como juiz da operação Lava Jato, teriam atuado de forma irregular. Eles negam. Segundo a acusação, na análise de um computador apreendido com autorização judicial foi encontrado um diálogo entre o jornalista e outro denunciado.
 
 
A conversa, disse a peça, ocorreu logo após a invasão do celular de Sergio Moro. No áudio, segundo o MPF, esse denunciado deixa claro que as invasões estavam sendo realizadas e pede orientações ao jornalista a respeito da possibilidade de "baixar" o conteúdo das mensagem do Telegram de outras pessoas antes da publicação pelo site The Intercept Brasil, comandado por Glenn Greenwald. "Greenwald, então, indica que o grupo criminoso deve apagar as mensagens que já foram repassadas para o jornalista de forma a não ligá-los ao material ilícito, ‘caracterizando clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos‘", diz o MPF na acusação, ao sustentar que o jornalista, diferentemente da tese por ele apresentada, recebeu o material de origem ilícita, enquanto a organização criminosa ainda praticava os crimes. O procurador da República no Distrito Federal Wellington Divino de Oliveira, responsável pela denúncia, vai encaminhar cópia da denúncia à Procuradoria-Geral da República a fim de subsidiar eventual pedido de revogação de liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que impede investigações contra o jornalista. As sete pessoas foram denunciadas por crimes relacionados à invasão de celulares de autoridades brasileiras. São apontadas a prática de organização criminosa, lavagem de dinheiro, bem como as interceptações telefônicas engendradas pelos investigados. A denúncia assinada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira relata que a suposta organização criminosa executava crimes cibernéticos por meio de três frentes: fraudes bancárias, invasão de dispositivos informáticos (como, por exemplo, celulares) e lavagem de dinheiro. A peça não explora os crimes de fraudes bancárias. Nesse sentido a finalidade ao citá-los é apenas a de caracterizar o objetivo dos envolvidos e explicar as suas ligações. Uma ação penal apresentada posteriormente tratará tais crimes. As apurações realizadas esclareceram os papéis dos denunciados. Walter Delgatti Netto e Thiago Eliezer Martins Santos atuavam como mentores e líderes do grupo. Danilo Cristiano Marques era "testa-de-ferro" de Walter, proporcionando meios materiais para que o líder executasse os crimes. Gustavo Henrique Elias Santos era programador, desenvolveu técnicas que permitiram a invasão do Telegram e perpetrava fraudes bancárias. Já Suelen Oliveira, esposa de Gustavo, agia como laranja e "recrutava" nomes para participarem das falcatruas. E, por fim, Luiz Molição invadia terminais informáticos, aconselhava Walter sobre condutas que deveriam ser adotadas e foi porta-voz do grupo nas conversas com Greenwald.
 
Defesa de Greenwald Em nota encaminhada para o Blog do Fausto Macedo, o advogado Rafael Borges, que defende o jornalista Glenn Greenwald, classificou de "expediente tosco" a denúncia oferecida n MPF. Segundo a nota, MPF intenta "desrespeitar a autoridade da medida cautelar" concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em defesa de Greenwald. "Recebemos com perplexidade a informação de que há uma denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald, cofundador do The Intercept. Trata-se de um expediente tosco que visa desrespeitar a autoridade da medida cautelar concedida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 601, do Supremo Tribunal Federal, para além de ferir a liberdade de imprensa e servir como instrumento de disputa política", diz a nota. A defesa do jornalista interpreta a denúncia do MPF como uma tentativa de "depreciar o trabalho jornalístico" feito pela equipe do site The Intercept Brasil. E acrescenta que "os advogados de Glenn Greenwald preparam a medida judicial cabível e pedirão que a Associação Brasileira de Imprensa, por sua importância e representatividade, cerre fileiras em defesa do jornalista agredido".
 
 
 
Reuters/Agência Estado/Dom Total