Este foi o primeiro ano que as escolas desfilaram sem os subsídios da Prefeitura do Rio
Mocidade Independente de Padre Miguel homenageou um grande nome da música Brasileira, apresentando Elza Soares como deusa (Raphael David | Riotur)
Com uma alta dose de crítica social e política, as escolas de samba do Rio de Janeiro encerraram seus esplêndidos desfiles na madrugada desta terça-feira, lançando uma mensagem de alerta e esperança sobre o futuro do Brasil. "O carnaval traz alegria para todos. Sofremos, trabalhamos tanto [o resto do ano], que nesse momento a alegria é mais forte. Mas mesmo assim, deixamos uma mensagem para conscientizar e ter um Brasil melhor", afirmou Marcelo de Castro, da escola São Clemente, que abriu os desfiles do último dia. Com o tom satírico que a caracteriza, a São Clemente criticou os "enganos" da classe política e se referiu a Bolsonaro em várias ocasiões.
A Mocidade Independente de Padre Miguel, quinta escola a desfilar na segunda noite, recriou a trajetória da cantora e ícone feminista Elza Soares, que aos 89 anos participou do desfile em um dos carros alegóricos; já a Salgueiro homenageou Benjamin de Oliveira, ator e acrobata negro que revolucionou a cena circense no início do século XX.
Unidos da Tijuca e Vila Isabel se apresentaram sem falar em política, mas ainda assim com um discurso em defesa dos direitos ambientais. A Unidos da Tijuca celebrou as belezas naturais e arquitetônicas do Rio com uma réplica gigante do Cristo Redentor rodeado por vegetação tropical e com a inscrição "Paz". Fez também um apelo para proteger o meio ambiente com a imagem de uma família de ursos polares em cima de um iceberg que se derretia, cercados por detritos de plástico e um mar contaminado de petróleo.
A Vila Isabel criou uma fábula indígena para percorrer as diferentes regiões do Brasil e comemorar os 60 anos da fundação de Brasília.
A Beija-flor falou sobre os caminhos pelos quais a humanidade andou até chegar ao momento atual.
Este foi o primeiro ano que as escolas desfilaram sem os subsídios da Prefeitura do Rio. Desde que assumiu o comando da cidade em 2017, o bispo evangélico Marcelo Crivella promoveu um corte progressivo no financiamento, que passou de dois milhões de reais para cada escola a zero neste ano.
AFP/dom total///