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Do PSDB ao PT, líderes partidários querem reação à vídeo anti-Congresso de Bolsonaro

Lula, FHC, Ciro, Doria e diversas siglas criticaram o presidente, que convocou manifestações contra o Congresso; oposição pede reunião de emergência.

 

Bolsonaro e seu núcleo ideológico passaram o feriado disparando mensagens contra o Congresso (Reprodução/Instagram)

 

 

 

 

A convocação feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para as manifestações contra o Congresso gerou reações no mundo político e nas redes sociais. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) usou o Twitter para criticar Bolsonaro. “A ser verdade, como parece, que o próprio Pr (presidente) tuitou convocando uma manifestação contra o Congresso (a democracia) estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas. Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto se tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo”, escreveu Fernando Henrique. O líder da oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), propôs uma reunião de emergência entre os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e líderes dos partidos para decidir o que fazer diante das manifestações do presidente Jair Bolsonaro contra o Congresso.

“Temos que parar Bolsonaro! Basta! As forças democráticas deste país têm que se unir agora. Já! É inadiável uma reunião de forças contra esse poder autoritário. Ou defendemos a democracia agora ou não teremos mais nada para defender em breve”, disse Molon. “Ao não encontrar soluções para o país, ao se sentir sozinho, isolado e frágil, Bolsonaro apela ao que todos temíamos: a um ato autoritário contra a própria democracia. Não dá mais. Esses absurdos, exageros e atropelos têm que parar agora.” O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escreveu nesta terça-feira, 25, em sua conta no Facebook, que o Congresso, as instituições e a sociedade precisam tomar uma posição "urgente" diante do vídeo compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro convocando manifestações em defesa do seu governo e contra os "políticos de sempre" para o dia 15 de março.

"Bolsonaro nunca combinou com democracia. É um falso patriota que entrega nossa soberania aos Estados Unidos e condena o povo à pobreza. Um falso moralista que acoberta o Queiroz e outros corruptos e criminosos", disse Lula, em referência a Fabrício Queiroz, investigado pela prática de "rachadinha" quando trabalhava no gabinete de Flávio Bolsonaro na época em que o atual senador era deputado estadual no Rio de Janeiro. O líder a oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), seguiu a mesma linha em uma mensagem em sua conta oficial no Twitter. “Chega! As forças democráticas precisam repudiar este comportamento vil e impedir a escalada golpista”, escreveu Randolfe. Um dos primeiros a se manifestar, o presidente do Cidadania, Roberto Freire, escreveu nas redes sociais que o episódio é “de suma gravidade”.

“Mais do que crime de responsabilidade, é claro atentado à democracia e à República o apoio do presidente Bolsonaro a uma convocação de manifestação nitidamente antidemocrática. Pregação de uma quartela para fechar o Congresso e o STF.” O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), repudiou o desrespeito a instituições democráticas e classificou como “lamentável” a atitude de Bolsonaro. “Devemos repudiar com veemência qualquer ato que desrespeite as instituições e os pilares democráticos do país. Lamentável o apoio do presidente Jair Bolsonaro a uma manifestação contra o Congresso Nacional”, escreveu Doria no Twitter.

“O Brasil lutou muito para resgatar sua democracia”, ele lembrou. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE), candidato derrotado à Presidência, cobrou uma reação dos eleitores ao vídeo disparado pelo presidente. “Se o próprio presidente da República convoca manifestações contra o Congresso e o STF, não resta dúvida de que todos aqueles que prezam pela democracia devem reagir”, escreveu Ciro, em mensagem postada no Twitter.

“É criminoso excitar a população com mentiras contra as instituições democráticas e sem causa nenhuma, a não ser sua agenda anti-pobre, anti-produção e entreguista de nossas riquezas aos estrangeiros. Vamos lutar pela preservação da Constituição e pelo Brasil.” PSDB No momento em que o governador João Doria (PSDB), cotado como presidenciável tucano, acirra o antagonismo com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e lidera o bloco de governadores de oposição, a cúpula do PSDB é pressionada internamente a subir o tom na oposição ao Palácio do Planalto e reforçar o distanciamento com o ex-deputado federal Rogério Marinho (PSDB), que assumiu o cargo de ministro do Desenvolvimento Regional. Embora tenha se licenciado do partido, Rogério Marinho ainda é muito identificado com o PSDB e comanda politicamente o diretório no Rio Grande do Norte.

A bancada tucana está alinhada com a pauta econômica de Bolsonaro, mas há desconforto entre líderes da legenda em relação à falta de posicionamentos mais duros diante de declarações polêmicas e ações do presidente. Em conversas reservadas, quadros históricos do PSDB cobram que o partido reforce que Marinho é parte da cota pessoal do presidente. "Existe uma série de temas que são muito caros ao eleitorado do PSDB que estão sendo agredidos pelo governo: meio ambiente, cultura, educação, direitos humanos. Não vejo no plano nacional uma manifestação a altura da gravidade dos temas", disse ao Estado o ex-senador e ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira. O presidente do diretório paulista do PSDB, Marco Vinholi, segue na mesma linha.

"O PSDB deixou claro sua independência em relação ao governo desde o primeiro dia. Não compactuamos com extremismos, que se tornam cada vez mais comuns na pauta governista", disse Vinholi. Ele e Aloysio participaram na semana passada de uma palestra na capital paulista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na qual o tucano defendeu ações mais efetivas na redes sociais. Ativo nas redes, FHC, que defendeu os governadores e criticou Bolsonaro, é um dos defensores da tese de que o PSDB deve ir para a ofensiva e deixar a era "analógica". Segundo um levantamento inédito de popularidade digital da agência Quaest Consultoria revelado pela Coluna do Estadão, o PSDB está mal colocado no ranking partidário das redes sociais.

Entre as 16 principais legendas, o PSDB aparece em 5.°, atrás de PT, Novo, PSL e PSOL. O PT é o primeiro da lista, seguido do Novo, PSL, PSOL e PSDB. Estratégia O desempenho do partido nas redes sociais levou o presidente nacional do partido, o ex-deputado federal Bruno Araújo, a se reunir com Doria e com Vinholi para avaliar uma "reviravolta" nas redes sociais do PSDB.

A legenda têm adotado desde o começo do ano um tom mais informal e polêmico, mas a estratégia ainda não deu o resultado esperado. A mudança é tida como estratégica para as eleições municipais, cada vez mais digitais, e um teste para a disputa presidencial de 2022. Araújo tem recebido telefonemas de filiados buscando entender a guinada. O jornalista e filósofo mineiro Fabiano Lana e o cientista político pernambucano Vitor Diniz, que ficam em Brasília, foram escalados para liderar uma equipe de redes sociais para tentar impulsionar o partido em temas polêmicos.

 

 

 

Agência Estado/dom total///