Em julgamento que marcou mais uma derrota do governo Bolsonaro, Gilmar Mendes dedicou parte de sua fala para elogiar a condução dos trabalhos de Mandetta.
Outros ministros do STF também endossaram críticas à provável demissão de Mandetta (STF e Isac Nobrega/PR)
Em meio a crise envolvendo a possível demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi duramente criticado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado disse que Bolsonaro pode até demitir Mandetta, mas não pode exercer política “genocida”. “O presidente da República dispõe de poderes inclusive para exonerar seu ministro da Saúde, mas ele não dispõe do poder para, eventualmente, exercer uma política pública de caráter genocida”, afirmou o ministro. Na manhã dessa quarta-feira, 15, o Palácio do Planalto foi surpreendido com o pedido de demissão do secretário nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, em meio a especulações sobre a demissão de Mandetta do cargo. Em julgamento que marcou mais uma derrota do governo Bolsonaro, Gilmar Mendes, que também já havia defendido o ministro em outras ocasiões, dedicou parte de sua fala para elogiar a condução dos trabalhos de Mandetta.
"Eu também não queria deixar de encerrar a discussão sem falar da atuação do ministro da Saúde. Acho que todos nós, que ouvimos a sua exposição na segunda-feira, ficamos impressionados com a qualidade técnica, com a responsabilidade, com o senso de humanidade dele", disse. O ministro criticou gestões que ele considera "medíocre" na área da Saúde e disse que Mandetta tem responsabilidade política. "Muitas vezes nós vivenciamos gestões muito medíocres, agora temos um quadro dessa dimensão. Um homem certo no lugar certo. Isso também tem se visto nas exposições dos cientistas que têm se debruçado sobre esse tema", afirmou Gilmar Mendes. No plenário do STF, o presidente da Corte, Dias Toffoli, chegou a dizer que Mandetta é, atualmente, a única pessoa "inamovível" da república do País. A declaração foi feita durante sessão administrativa da Corte, na tarde desta quarta-feira. "Eu registro que, se há uma pessoa, hoje, inamovível na República, deve ser considerado o ministro Luiz Henrique Mandetta".
Toffoli lembrou que, há cerca de um mês, Mandetta se reuniu por quase três horas com os ministros da Corte para falar sobre a pandemia. A reunião contou com a presença do procurador-geral da República, Augusto Aras, e dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. "Sua excelência demonstrou a sua competência, a sua profundidade no conhecimento. (Demonstrou) O acompanhamento diário que ele tem mundial e a legitimidade que o sistema de saúde do Brasil tem diante do mundo. E não só cuidando do Brasil, mas auxiliando países da África, e sendo o sistema de saúde central para a América do Sul", disse o ministro, que concluiu: "Não é pouca coisa". Pelo menos quatro ministros fizeram elogios seguidos a Mandetta. "Aqui faço questão de parabenizar o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, pela liderança técnica e efetiva nessa crise", destacou Alexandre de Moraes. Em seguida foi a vez de Luiz Fux, que classificou a reunião com o ministro da Saúde como uma "verdadeira aula".
Agência Estado/Dom Total///