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Política externa do governo Bolsonaro isola o Brasil, avaliam ex-ministros

Debate aconteceu no painel sobre diplomacia do evento anual Brazil Conference at Harvard & MIT.

 

Ernesto Araújo foi anunciado como ministro das Relações Exteriores no dia 14 de novembro de 2018 (Marcos Corrêa / AFP)

 

 

Ex-chanceleres afirmaram nesta terça-feira (28), que a política externa do governo de Jair Bolsonaro não contribui para os interesses do Brasil no exterior e não traduz as necessidades do país em oportunidades de investimentos. Para os diplomatas, a atual política externa prejudica a projeção do Brasil no mundo e promove o autoisolamento do país, defendendo a restauração da racionalidade. "O que acontece agora é a incapacidade de afirmar construtivamente a presença do Brasil no mundo de acordo com suas necessidades e seus interesses, até em matéria de coisas óbvias como é nosso relacionamento com a China", disse Celso Lafer, que atuou como ministro nos governos de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso.

As declarações foram dadas no painel sobre diplomacia da Brazil Conference at Harvard & MIT, evento anual da comunidade de estudantes brasileiros em Boston e que, neste ano, acontece por videoconferência por causa do coronavírus. O debate foi mediado pela colunista do jornal O Estado de S. Paulo e editoria do site BR Político, Vera Magalhães. O ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira (governo Michel Temer) afirmou que uma boa política externa precisa ter noção de que o mundo não começou com ela. "Se inscreve em linhas de continuidade, que definem um perfil diplomático do país e lhe confere credibilidade e previsibilidade nas relações que se travam com os países.

" O ex-chanceler Celso Amorim, que atuou nos governos FHC, Lula e Dilma, disse que em "meio século" nunca viu nada igual e que a reputação do Brasil no exterior é muito ruim. "Sempre houve uma linha de continuidade. Me envergonho de tudo da política externa hoje. O Brasil teria todas as condições de ser o sócio privilegiado da China, e agora somos o último da fila", afirmou. Amorim afirmou ainda que é preciso restabelecer a racionalidade e promover a restauração da atuação na política externa. O diplomata Rubens Ricupero afirmou que o governo tem feito alianças erradas ao se aproximar do ex-presidente argentino Mauricio Macri e ao criticar o francês Emmanuel Macron e a alemã Angela Merkel, enquanto privilegia os líderes de países como Estados Unidos, Hungria e Polônia.

"O governo tem uma percepção de um universo de ficção, é uma política destrutiva que nada traz em favor dos interesses brasileiros", afirmou Ricupero. Pesquisador da Universidade Harvard, o cientista político Hussein Kalout criticou a subserviência do governo brasileiro ao do presidente Donald Trump, como nunca aconteceu em 200 anos de política externa. Ele destacou também a necessidade de diferenciar a relação entre pessoas e entre Estados. "Nas relações internacionais não há amizade, há interesses", disse. "É de extremo amadorismo acreditar que Trump e Bolsonaro são a mesma coisa e que interesses são convergentes em tudo." Hussein afirmou que o país tem feito concessões reais em troca de migalhas. "Essa antidiplomacia vai impingir ao Brasil graves danos.

 

 

Agência Estado/dom total///