Empresa de biotecnologia está investindo em um coquetel de anticorpos contra o novo coronavírus; resultados demonstraram que droga conseguiu reduzir a carga viral
O maior benefício do tratamento tem ocorrido em pacientes que não geraram sua própria resposta imune efetiva, o que sugere que a droga poderia atuar como substituta na ausência dos anticorpos (Emin BAYCAN / Unsplash)
A empresa americana de biotecnologia Regeneron afirmou nessa terça-feira (29) que seu coquetel de anticorpos contra o coronavírus reduz a carga viral e o tempo de recuperação dos pacientes não hospitalizados em estágio inicial do tratamento. "Estamos muito animados com a natureza robusta e consistente desses dados iniciais", disse George Yancopoulos, presidente e diretor científico da empresa. "Começamos a discutir nossas descobertas com as autoridades regulatórias à medida que continuamos nosso teste em andamento", acrescentou. Os resultados foram relacionados aos primeiros 275 pacientes recrutados para o estudo de fase 1 dos testes da Regeneron. Os pacientes foram aleatoriamente designados para receber uma dose baixa, uma dose alta ou um placebo da droga, e também foram classificados de acordo com a resposta positiva ou negativa dos anticorpos por eles gerados.
O maior benefício do tratamento tem ocorrido em pacientes que não geraram sua própria resposta imune efetiva, o que sugere que a droga, conhecida como REGN-COV2, poderia atuar como substituta na ausência dos anticorpos, que são gerados naturalmente, segundo Yancopoulos. A Regeneron disse que recrutaria 1,3 mil pacientes para os próximos estágios do teste ambulatorial. A empresa também está conduzindo simultaneamente estudos de fase tardia para pacientes de Covid-19 hospitalizados e para o uso potencial do medicamento como profilaxia. Os anticorpos são proteínas de combate a infecções produzidas pelo sistema imunológico que podem se ligar a estruturas específicas na superfície dos patógenos e impedir que eles invadam as células. As vacinas funcionam ensinando o corpo a produzir seus próprios anticorpos, enquanto os cientistas testam anticorpos já produzidos com o sangue de pacientes recuperados, chamado de plasma convalescente.
No entanto, não é possível fazer um tratamento de plasma convalescente em grande escala. Os pesquisadores também podem examinar os anticorpos produzidos por pacientes recuperados e selecionar os mais eficazes entre milhares e, então, fabricá-los em maior escala. A Regeneron utiliza uma estratégia multicorpos para diminuir as chances de o vírus sofrer mutação para evitar a ação bloqueadora de um único anticorpo, uma abordagem que a empresa detalhou em um estudo recente publicado na revista Science. No ano passado, um coquetel de anticorpos triplo desenvolvido pela Regeneron se mostrou eficaz contra o vírus Ebola. Ainda nessa terça-feira, a empresa de biotecnologia Moderna, uma das líderes na corrida por uma vacina contra a Covid-19, divulgou os resultados de seu ensaio clínico de fase 1, segundo o qual seu medicamento é seguro e gerou forte resposta imunológica entre um grupo de 40 adultos mais velhos. A fase 3 da Moderna, última etapa anterior à aprovação, também está em andamento e os primeiros resultados poderão ser divulgados até o fim do ano.
AFP/dom total///