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Prêmio Nobel da Paz 2020 vai para Programa Mundial de Alimentos da ONU

Este é o 12º Prêmio Nobel da Paz concedido a uma organização ou personalidade ligada às Nações Unidas.

 

Tratamento para criança desnutrida fornecido pelo PMA, em 22 de junho de 2019, em Sanaa (Mohammed HUWAIS/AFP)

 

 

O Prêmio Nobel da Paz foi concedido, nesta sexta-feira (9), ao Programa Mundial de Alimentos (ou Programa Alimentar Mundial) da ONU – anunciou o Comitê Nobel norueguês, destacando que a necessidade de soluções multilaterais é "mais visível do que nunca". No total, 211 indivíduos e 107 organizações foram candidatos ao Prêmio Nobel da Paz em 2020. O PMA (ou PAM) foi recompensado por "seus esforços de luta contra a fome, por sua contribuição para a melhoria das condições de paz nas zonas atingidas por conflitos e por ter desempenhado um papel de liderança nos esforços, visando a impedir o uso da fome como arma de guerra", declarou a presidente do Comitê Nobel, Berit Reiss-Andersen. Este é o 12º Prêmio Nobel da Paz concedido a uma organização ou personalidade da ONU, ou que seja ligada às Nações Unidas. O PMA foi fundado em 1961, tem sede em Roma e é financiado exclusivamente por doações voluntárias. A agência diz que distribuiu 15 mil rações de alimentos no ano passado e ajudou 97 milhões de pessoas em 88 países. Os números podem parecer altos, mas representam apenas uma fração muito pequena das necessidades do mundo.

O programa se define como "a maior organização humanitária" em um mundo onde 690 milhões de pessoas, ou seja, uma em cada 11, sofreram de falta crônica de alimentos em 2019. Números que, sem dúvida, pioraram este ano com a pandemia do novo coronavírus. O prêmio, que consiste em uma medalha de ouro, um diploma e dez milhões de coroas suecas (em torno de US$ 1,1 milhão) será entregue formalmente em 10 de dezembro, aniversário da morte de seu fundador, empresário e filantropo sueco Alfred Nobel (1833-1896), se as condições sanitárias permitirem. No ano passado, o Nobel da Paz foi concedido ao primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, por seus esforços para se aproximar do ex-irmão inimigo Eritreia.

PMA

O PMA foi recompensado por "seus esforços de luta contra a fome, por sua contribuição para a melhoria das condições de paz nas zonas atingidas por conflitos e por ter desempenhado um papel de liderança nos esforços, visando a impedir o uso da fome como arma de guerra", declarou a presidente do Comitê Nobel, Berit Reiss-Andersen. O diretor-executivo do Programa, David Beasley, disse estar "honrado" com a premiação. "É um tremendo reconhecimento do compromisso da família PAM, que trabalha todos os dias para erradicar a fome em mais de 80 países", escreveu em sua conta Twitter. "Estou sem palavras pela primeira vez na minha vida", acrescentou ele em um vídeo, no qual homenageou os 17 mil funcionários do PMA. "Eles estão em campo, nas zonas mais difíceis, mais complexas do planeta, seja por guerra, conflitos, condições climáticas extremas, seja o que for. Eles estão em campo e merecem essa recompensa", celebrou Beasley. Em um comunicado à parte, ele insistiu na ligação indissociável entre "segurança alimentar, paz e estabilidade".

"Sem paz, não podemos alcançar nosso objetivo global de erradicar a fome. E, enquanto a fome persistir, nunca teremos um mundo pacífico", advertiu. Este é o 12º Prêmio Nobel da Paz concedido a uma organização ou personalidade da ONU, ou que seja ligada às Nações Unidas. Receber o Prêmio Nobel da Paz é um "momento de orgulho", reagiu Tomson Phiri, porta-voz do PMA, poucos segundos após o anúncio do Comitê Nobel. "Uma das belezas das atividades do PMA é que não fornecemos alimentos apenas para hoje e amanhã, mas também damos às pessoas os conhecimentos necessários para se sustentarem nos dias que se seguem", disse Phiri em uma entrevista coletiva em Genebra, logo após saber, ao vivo, que sua organização havia sido premiada. O Nobel "é uma forma poderosa de lembrar ao mundo que a paz e a erradicação da fome são inseparáveis", reagiu a organização no Twitter. Proporções "bíblicas" Os países em conflito são uma das prioridades do PMA, já que a guerra é tanto causa quanto consequência da fome. O Iêmen é um exemplo doloroso e flagrante de suas reivindicações. A ONU e várias ONGs alertaram sobre as consequências humanitárias do conflito que opõe, desde 2015, o governo, apoiado por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, aos rebeldes huthis, apoiados pelo Irã.

Os combates causaram dezenas de milhares de mortos, a maioria civis, segundo as ONGs, e três milhões de deslocados, mergulhando o país em uma fome profunda. Dois terços dos 30 milhões de habitantes "não sabem o que terão para comer na próxima vez que passarem fome", segundo o PMA. A Covid-19 complicou ainda mais o cenário humanitário global, devido às suas consequências econômicas e sanitárias. "Podemos enfrentar fomes de proporções bíblicas dentro de alguns meses", alertou David Beasley, em abril passado. De acordo com um relatório da ONU publicado em meados de julho, a recessão global causada pelo coronavírus pode fazer com que entre 83 milhões e 132 milhões de pessoas adicionais sofram de fome. "O Programa Mundial de Alimentos teria sido um laureado digno sem uma pandemia, mas a pandemia e suas consequências aumentaram as razões para conceder a ele este prêmio", disse Reiss-Andersen. No total, 211 indivíduos e 107 organizações foram candidatos ao Prêmio Nobel da Paz em 2020. O prêmio, que consiste em uma medalha de ouro, um diploma e dez milhões de coroas suecas (em torno de US$ 1,1 milhão), será entregue formalmente em 10 de dezembro, aniversário da morte de seu fundador, empresário e filantropo sueco Alfred Nobel (1833-1896), se as condições sanitárias permitirem.

 

 

AFP/dom total///