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Maria Cristina Fernandes: Bolsonaro perde, DEM e PSOL surpreendem nas urnas

A jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor, apresenta um cenário das eleições que apontam uma derrota fragorosa de Bolsonaro, um crescimento forte do DEM e a surpresa do PSOL numa eleição de recuperação da esquerda

 

16 de novembro de 2020, 10:35 h

 

Maria Cristina Fernandes, Jair Bolsonaro, Guilherme Boulos e ACM Neto (Foto: Reprodução | Reuters)

 

 

247 – A jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor Econômico, escreveu um primeiro balanço das eleições municipais. Para ela, “ Jair Bolsonaro é o principal derrotado do primeiro turno das eleições municipais nos grandes centros”. Na direita, “o grande vencedor foi o DEM”, que, para Fernandes, “no seu espectro político, [é] o partido mais desalinhado do presidente da República”. À esquerda, “o Psol teve o resultado mais surpreendente com a chegada ao segundo turno em São Paulo, maior colégio eleitoral do país e principal caixa de ressonância da política nacional”.

 

Leia alguns trechos do artigo da jornalista:

 

“O presidente Jair Bolsonaro é o principal derrotado do primeiro turno das eleições municipais nos grandes centros. Não apenas pela baixa votação dos candidatos mais alinhados ao bolsonarismo, como Celso Russomano (Republicanos), em São Paulo, Delegada Patrícia (Podemos), no Recife, Coronel Menezes (Patriotas), em Manaus, e Bruno Engler (PRTB), em Belo Horizonte, como pelo perfil dos partidos e dos candidatos de melhor desempenho nesta primeira rodada eleitoral. À direita, o grande vencedor foi o DEM, que reelegeu os prefeitos de Curitiba (Rafael Greca) e Florianópolis (Gean Loureiro), manteve-se no poder em Salvador, com a eleição de Bruno Reis, secretário do prefeito e presidente do partido, ACM Neto, passou ao segundo turno à frente no Rio com o ex-prefeito Eduardo Paes e, a despeito de ter ficado em terceiro lugar, no Recife, viu o ex-ministro Mendonça Filho ficar quase dez pontos percentuais à frente da candidata bolsonarista. O DEM é, no seu espectro político, o partido mais desalinhado do presidente da República. Seu desempenho eleitoral contrasta com o do PP, principal legenda da base bolsonarista, que passou ao segundo turno à frente em Rio Branco, com Tião Bocalom, e em João Pessoa, com Cícero Lucena, mas ficou de fora da disputa em Maceió, onde Davi Filho era a maior aposta do líder do partido na Câmara, Artur Lira, principal desafiante do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM).

À esquerda, o Psol teve o resultado mais surpreendente com a chegada ao segundo turno em São Paulo, maior colégio eleitoral do país e principal caixa de ressonância da política nacional. O partido também foi para o segundo turno em Belém, com o ex-prefeito Edmilson Rodrigues, mas foi Guilherme Boulos quem deu ao partido seu principal resultado. O candidato do Psol terminou o primeiro turno apenas oito pontos percentuais atrás do líder da disputa, o prefeito Bruno Covas (PSDB). A arrancada final, na avaliação de coordenadores da campanha de Boulos, deu-se pela conquista dos votos da periferia da cidade, desidratando Russomanno, que terminou o primeiro turno com apenas 10%, e não Jilmar Tatto (PT). Apesar do sexto lugar, pior desempenho do partido em São Paulo em toda a história, Tatto teve mais votos do que mostravam as pesquisas, ao contrário de Russomano.”