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Gerente da Pfizer confirma oferta de vacina em 2020, mas diz acordo foi fechado em março de 2021

Carlos Murillo diz que farmacêutica ofertou 30 e 70 milhões de doses em agosto do ano passado. Governo brasileiro ignorou propostas da Pfizer (Jefferson Rudy/Agência Senado) Em depoimento à CPI da Covid, o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, afirmou nesta quinta-feira (13) que a Pfizer não recebeu reposta sobre a proposta de venda de 70 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 feita ao governo brasileiro em agosto do ano passado. Apesar da formalização da proposta em 2020, Murillo afirmou que só se sentiu confiante na celebração de um contrato entre a Pfizer e o governo brasileiro em 19 março deste ano, quando o contrato foi efetivamente assinado. “O governo não rejeitou tão pouco aceitou a oferta”, disse ele, lembrando que a oferta realizada em 26 de agosto tinha uma validade de 15 dias. “Não teve resposta positiva nem negativa”, afirmou Murillo. Ele lembrou ainda que o CEO da Pfizer, Albert Bourla, enviou em setembro do ano passado uma carta ao presidente Jair Bolsonaro, em que falava da proposta feita ao Brasil. A carta foi apresentada à CPI nessa quarta-feira (12) pelo ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fábio Wajngarten. "Em 12 de setembro mandamos comunicação ao Brasil para se chegar a acordo de propostas", disse. Além de Bolsonaro, o CEO da Pfizer endereçou a carta ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, ao então ministro da Casa Civil (hoje Defesa), Walter Braga Netto, ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, ao ministro da Economia, Paulo Guedes e ao embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Foster. Linha do tempo O gerente Carlos Murillo listou, durante seu depoimento à CPI, a linha do tempo de seus contatos com o governo brasileiro para as tratativas em relação à compra de vacinas pelo Brasil. De acordo com Murillo, as primeiras reuniões com os governos dos países do mundo começaram no mês de maio e junho do ano passado. Segundo o gerente, a farmacêutica fez três ofertas ao Ministério da Saúde, nos dias 14, 18, e 26 de agosto do ano passado, sendo que a última oferta, de 26 de agosto, tinha o prazo de 15 dias para receber uma resposta, e que, passado esse prazo, o governo nem aceitou, nem rejeitou a proposta. De acordo com o gerente, no Brasil, a principal interlocução com o Ministério da Saúde foi com o ex-secretário executivo da pasta Élcio Franco, além de citar contatos com integrantes do Ministério da Economia, dentre eles o ministro Paulo Guedes e o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade da pasta, Carlos Da Costa, além do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten. Questionado sobre seus contatos com Wajngarten, Murillo disse entender que os contatos do ex-secretário eram para coordenação do governo, e ressaltou não ter tido relações com órgãos extraoficiais para as negociações. Murillo também reforçou que as reuniões de maio e junho do ano passado, que envolviam diversos países, eram para apresentar os estudos da companhia, e negou que a empresa tenha priorizado qualquer nação. O gerente também esclareceu que, na tratativa com outras economias, a Pfizer adotou tabelas diferentes de preço para a venda do imunizante, separando os países em três níveis, de alta, média e baixa renda. Carlos Murillo afirmou que a primeira oferta de venda de vacinas tinha duas opções: 30 milhões ou 70 milhões de doses do imunizante, que estava em desenvolvimento, com as mesmas condições de compra. Segundo ele, em 18 de agosto, a Pfizer voltou a fazer as ofertas de 30 milhões e 70 milhões de vacinas, mas naquele momento havia um quantitativo adicional para o Brasil ao final de 2020. Em 26 de agosto, houve uma terceira oferta, com os mesmos números de doses. Também naquela ocasião, a Pfizer havia conseguido um pouco mais de unidades para o primeiro trimestre de 2021. Segundo Murillo, as primeiras reuniões ocorreram em maio e junho. Eram encontros exploratórios onde a Pfizer compartilhou o status de desenvolvimento da vacina. Em 16 de julho, a empresa forneceu ao Ministério da Saúde uma "expressão de interesse". Então, em 6 de agosto, a pasta manifestou "possível interesse" no imunizante da farmacêutica, relatou Murillo. "Como consequência, no dia 14 de agosto oferecemos nossa primeira oferta, vinculante", disse. Mercado mais importante Em sua fala inicial do depoimento, Murillo destacou que o Brasil é o mercado mais importante para a Pfizer na América Latina e que, por isso, a farmacêutica escolheu o país como um dos poucos no mundo para receber o estudo clínico da fase 3 da vacina da empresa – segundo ele, a primeira vacina eficaz e segura no mundo para a Covid-19. Nos contratos firmados, a empresa deve ter uma oferta de 200 milhões de doses, suficiente para imunizar quase metade de população do país. Murillo lembrou que a vacina obteve o registro permanente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 22 de fevereiro deste ano, com primeiro contrato fechado com o governo brasileiro em março para o oferecimento de 100 milhões de doses. "Nosso contrato prevê a entrega de 13,5 milhões de doses no 2º trimestre, mais 86 milhões no 3º trimestre. Consideramos hoje que, no 1º trimestre seremos capazes de fornecer ao Brasil 15,5 milhões de doses", relatou o representante da farmacêutica. Murillo destacou que nesta semana a empresa deve fechar o segundo contrato com o governo brasileiro, para mais 100 milhões de doses adicionais, com entrega prevista para o 4º trimestre deste ano. "Com satisfação e orgulho que sei que hoje vamos conseguir vacinar quase a metade da população do Brasil", disse o gerente geral, segundo quem a companhia não recebeu dinheiro de nenhum governo para desenvolver a vacina.

 

 

Agência Estado/DomTotal///