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Dimas: negociações entre Butantan e o governo federal foram interrompidas depois do veto de Bolsonaro

247 – O diretor do Butantan, Dimas Covas, revelou em depoimento concedido à CPI da Covid-19 no Senado nesta quinta-feira (27) que o governo interrompeu as negociações para a aquisição da vacina Coronavac, produzida pelo instituto paulista, após Jair Bolsonaro dizer publicamente que não “gastaria dinheiro público” com o imunizante.

 

O relator Renan Calheiros (MDB-AL) divulgou na CPI o vídeo de uma live de Jair Bolsonaro em outubro de 2020, criticando abertamente a vacina chinesa e vetando sua aquisição por parte do governo federal. Após a exibição do vídeo, Dimas explicou que o veto presidencial foi determinante na paralisação das negociações entre Butantan e o governo federal. Ele relatou que em 20 de outubro, o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello afirmou que a Coronavac seria “a vacina no Brasil”. "A partir desse ponto [Bolsonaro rechaçando a vacina] é notório que houve uma inflexão. Porque infelizmente as conversações que deveriam seguir no dia seguinte, não prosseguiram. Houve uma manifestação do presidente dizendo que a vacina não seria incorporada", destacou o médico.

"Voltamos ao Butantan, mas aí já com algumas dificuldades. Com uma incerteza com relação ao financiamento", acrescentou, afirmando que os valores de repasse do governo seriam essenciais para a aquisição das vacinas. Dimas afirmou ainda que, após o boicote estabelecido pelo governo, as negociações entre Ministério da Saúde e Butantan foram suspensas por três meses”. " O protocolo foi no dia 19 de outubro e o contrato no dia 7 de janeiro”, elucidou. 60 milhões de vacinas a menos Covas informou que a oferta de julho havia sido de 60 milhões de doses para entrega no último trimestre de 2020 e que também pediu ajuda para habilitar uma fábrica, que produziria vacinas em 2021. Disse que não recebeu respostas para nenhuma das ofertas. Segundo Covas, no início de dezembro, o Butantan tinha mais de 5,5 milhões de doses da Coronavac prontas para iniciar a vacinação e estava processando mais 4 milhões, enquanto o mundo tinha vacinado apenas 4 milhões de pessoas ao fim de dezembro.

A primeira a ser vacinada no Brasil, em São Paulo, foi a enfermeira Mônica Calazans, apenas em 17 de janeiro, quando o mundo começou em 8 de dezembro. “O Brasil poderia ter sido o primeiro a vacinar se não fossem os percalços que tivemos que enfrentar do ponto de vista do contrato [com o governo Bolsonaro] como do ponto de vista regulatório [com a Anvisa]”, disse o diretor do 

Covas qualificou de “inusitado” o fato de a Coronavac não ter sido incorporada no Programa Nacional de Imunização desde o início, o que levou Butantan a custear com todas as despesas no processo de importação e fabricação da vacina. Ele disse ainda que “foi frustrante” Bolsonaro negar a compra da vacina pelo governo federal, o que sempre havia acontecido na história do país.

 

.Brasil 247///