Campêlo disse que procurou o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, antes do colapso no Estado
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado.
O ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo disse nesta terça-feira (15), em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, que a rede de saúde do Estado registrou a intermitência de abastecimento de oxigênio apenas nos dias 14 e 15 de janeiro. “Uma coisa é faltar na rede de saúde, no hospital, outra coisa é o paciente que está tratando em casa, porque não tem vaga no hospital, tentar comprar o cilindro no mercado e ele não existir no mercado da cidade”, disse Campêlo sobre a situação que deixou centenas de mortos no Estado.
Sobre o pedido de ajuda ao governo federal, Campêlo afirmou que procurou o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, antes do colapso no Estado. O primeiro contato, segundo ele, teria ocorrido três dias antes do relatado ao colegiado pelo ex-ministro em depoimento no mês passado. Na conversa, Campêlo disse que pediu apoio logístico ao general para levar cilindros de oxigênio a Manaus. “Fiz uma ligação ao ministro Pazuello no dia 7 de janeiro por telefone explicando a necessidade de apoio logístico para trazer oxigênio de Belém a Manaus, a pedido da White Martins [fornecedora dos cilindros]. A partir daí, fizemos contato com o Comando Militar da Amazônia, por orientação do ministro, para fazer esse trabalho logístico”, disse Campêlo na CPI. “Não houve resposta, que eu saiba”, afirmou. O ex-secretário avaliou que a saúde pública no Amazonas tem problemas “históricos e crônicos” e que, na sua gestão, foi realizada a integração de dados entre Manaus e outras cidades do Estado. Ainda sobre as providências tomadas, Campêlo citou a alteração no atendimento do Hospital Delphina Aziz, que passou a atender exclusivamente pacientes com Covid-19. O ex-gestor também relacionou medidas não farmacológicas e a chegada das vacinas como balizadores da Secretaria de Saúde do Amazonas para o combate à pandemia.
White Martins
Aos senadores, Campêlo afirmou que, em 7 de janeiro, a empresa fornecedora de oxigênio White Martins chegou a pedir que o Amazonas não ativasse novos leitos de UTI até que a companhia pudesse ampliar o fornecimento do oxigênio. “Estavam preocupados com aumento de consumo e precisariam fazer uma programação do fornecimento. Então, a White Martins pediu que não ativássemos mais nenhum leito de UTI até o sinal da empresa que poderia ter segurança para a ampliação do fornecimento de oxigênio, e assim fizemos, ativar somente na anuência da empresa com segurança. Aí, nesse dia, informamos que tínhamos capacidade de aumentar em 150 leitos”, disse ele.
Apesar do pedido, Campêlo revelou que a paralisação não foi necessária, já que, no mesmo dia, uma quinta-feira, a White Martins apresentou uma programação de fornecimento de oxigênio em que novas cargas do insumo começariam a chegar no sábado. No depoimento, ele acrescentou que a White Martins também solicitou apoio do governo estadual para uma requisição administrativa. A empresa enfrentava dificuldades para comprar um estoque de 20 mil metros cúbicos de oxigênio disponíveis em uma outra empresa, a Carbox. “Consultei o setor jurídico [do governo] e foi orientado que a White Martins formalizasse pedido para fazermos esse processo”, explicou. Usinas Campêlo reconheceu que o governo estadual não comprou usinas de oxigênio para suprir a demanda nem antes nem depois da crise ocorrida no mês de janeiro. Segundo ele, foram abertos, sem sucesso, processos de compra.
Imunidade de rebanho
Perguntado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), se uma suposta imunidade de rebanho gerada pela primeira onda de casos de Covid-19 no Amazonas teria orientado as políticas públicas de saúde, Campêlo negou. “Essa tese nunca foi ventilada em qualquer reunião da qual eu tenha participado”, disse
.O Sul///