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Para superar a pobreza é preciso mais do que um ‘Auxílio’

Bolsa Família é um programa amplo, baseado em estudos, e que foi aprimorado durante seus 18 anos de existência.

Presidente da República, Jair Bolsonaro acompanhando de Ministros, entregam a MP do Auxílio Brasil ao Presidente da Câmara, Arthur Lira (Marcos Corrêa/PR)

Marcel Farah

 

O Bolsa Família será substituído pelo Auxílio Brasil. Para alguns apenas uma mudança de nome de um programa que dá votos, para outros a destruição de um programa que, muito mais que tirar da situação de pobreza, quebra o ciclo de perpetuação de gerações na pobreza, aumentando o nível de escolaridade, melhorando a saúde das famílias, salvando crianças da mortalidade infantil, melhorando a eficiência do SUS etc. Em uma terceira posição há quem pense ser um programa desnecessário, que rompe a lógica de equilíbrio do próprio mercado que tenderia a alocar da melhor forma os recursos. A primeira visão é a do governo Bolsonaro. A segunda é do PT, de boa parte da esquerda e da ex-ministra de desenvolvimento social Tereza Campello.

A terceira, dos liberais, como dizia ser o ministro Paulo Guedes, e como é uma Mirian Leitão, ou outro comentarista qualquer da Rede Globo, ou da Folha de São Paulo. O fato é que o Bolsa Família melhorou muito a vida de milhões de pessoas, por um lado retirando-as da situação de miséria e fome, além de outros resultados já citados, que o mercado, sozinho, não faz. Pois, para tanto, é preciso ajuda do Estado. Contudo, trata-se de um fenômeno muito complexo, com diversos resultados que nem os propositores do programa previam, como a "revolução" ocorrida nos lares que passaram a ter nas mulheres seu pilar, em uma sociedade machista como a nossa. Afinal, os recursos do Bolsa Família são pagos para as mulheres.

Há quase 20 mil pesquisas somente no Brasil (Plataforma Lattes) sobre o programa, além de estudos internacionais e várias referências elogiosas da ONU, do Banco Mundial, e diversos países mundo afora. Logo, o Bolsa Família é um programa amplo, baseado em estudos, e que foi aprimorado durante seus 18 anos de existência. Como uma experiência viva, que aprende com sua própria prática, o programa é um modelo para o próprio campo da formulação de políticas públicas e de atuação estatal. Algo, portanto, incompreensível para o governo de slogans de Bolsonaro, mas também para a maioria do povo que o elegeu. Sinto que é difícil para os defensores do "Bolsa", o diferenciarem do "Auxílio Brasil". Sinto também, que é fácil para a mídia confundir mais do que explicar, ao ponto de tornar um Bolsonaro equivalente a um Lula… Mas, no fundo, essa diferença é patente em relação ao papel do Estado em cada programa e em cada governo.

Para o governo Bolsonaro o papel é fazer um favor para a população prestando um "Auxílio", temporário, só até o final do ano eleitoral, 2022, pois o outro papel é que o Estado seja instrumento de sua reeleição. Para a esquerda o programa baseou-se em estudos para superar a pobreza, redistribuindo a renda que o mercado não faz, dando ao Estado um instrumento para melhor entender a situação de seu povo, com o CadÚnico, o cadastro das pessoas que mais precisam de diversas políticas sociais, instrumentos que o mercado não oferece. Não oferece, porque no capitalismo a economia caminha para a concentração de renda, nunca para a redistribuição. Portanto, não há sentido em dar um "Auxílio" que mude tudo para que o povo permaneça como está, basta passar a eleição.

 

Marcel Farah- Educador Popular

 

 

 

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