Várias dezenas de fabricantes de medicamentos genéricos assinaram este acordo.
Imagem fornecida pelo laboratório Merck Sharp and Dohme (MSD) mostrando cápsulas da pílula anticovid molnupiravir, em 18 de outubro de 2021 (Handout/AFP)
Um amplo acordo foi assinado nesta quinta-feira (20) com a Medicines Patent Pool (MPP) para fornecer a 105 países de baixa e média renda acesso à pílula anticovid do grupo farmacêutico MSD, de acordo com um comunicado da organização que é apoiada pela ONU. Várias dezenas de fabricantes de medicamentos genéricos assinaram este acordo. "Este é um passo crucial para o acesso universal aos tratamentos antiovid-19 extremamente necessários e estamos confiantes (…) que esses tratamentos tão esperados estarão rapidamente disponíveis em países de baixa e média renda", disse Charles Gore, diretor executivo da MPP, citado em comunicado de imprensa.
O contrato firmado com 27 empresas ao redor do mundo segue o acordo de licença voluntária firmado com a MSD em outubro de 2021 para facilitar o acesso global a um preço acessível ao molnupiravir, o antiviral oral experimental contra a covid-19, desenvolvido pelo grupo farmacêutico americano, especifica a MPP em seu comunicado. O acordo dá às empresas signatárias, que atendem aos rigorosos critérios da MPP, a licença para fabricar os insumos a granel ou o próprio medicamento. Cinco empresas vão focar na fabricação dos insumos, 13 vão fabricar insumos e produto acabado e 9 somente a pílula. Essas empresas estão sediadas em 11 países (Bangladesh, China, Egito, Jordânia, Índia, Indonésia, Quênia, Paquistão, África do Sul, Coreia do Sul e Vietnã).
Em meados de novembro, a gigante farmacêutica Pfizer anunciou um acordo semelhante com a MPP permitindo aos fabricantes de medicamentos genéricos licenciados fornecer o novo medicamento em combinação com o ritonavir (um medicamento usado contra o vírus da aids) a 95 países, cobrindo cerca de 53% da população mundial. O anúncio da MSD e da Pfizer desses tratamentos orais para a covid-19 traz muita esperança para a luta contra a pandemia – que já matou mais de 5,5 milhões de pessoas de acordo com números oficiais. Esses dois antivirais atuam diminuindo a capacidade do vírus de se replicar, reduzindo assim a doença. Fáceis de administrar porque podem ser tomados em casa, estes tratamentos são um complemento às vacinas, que são atualmente a forma mais eficaz de combater a covid.
O molnupiravir e o tratamento da Pfizer, comercializado como Paxlovid, deve ser administrado dentro de 3 a 5 dias após o início dos sintomas. Esses tratamentos são mais fáceis de fabricar do que as vacinas. Não necessitam de cadeia de frio e podem ser tomados pelo paciente em casa. De acordo com os dados clínicos mais recentes, a pílula da MSD reduz o risco de hospitalização e morte em 30% entre a população frágil. Muito menos do que o laboratório havia anunciado inicialmente. O tratamento da Pfizer, por sua vez, reduz esse mesmo risco em 90%, de acordo com ensaios clínicos.
AFP/dom total///