Ao todo, as elétricas lucraram juntas R$ 40 bilhões nos nove primeiros meses do ano passado, segundo os últimos dados disponíveis. Lucratividade superou as verificadas em 2018, 2019 e 2020
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 24 de janeiro de 2022
Linha de distribuição de energia elétrica Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil As vésperas de um novo socorro bancado pelos consumidores de energia, empresas do setor elétrico tiveram uma média mensal de lucro de R$ 4,5 bilhões no auge dos efeitos econômicos da pandemia. Os dados foram levantados pela consultoria Economática que usou como base empresas do setor elétrico listadas na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. O valor ultrapassa os verificados em 2020 (R$ 3,7 bilhões), os de 2019 (R$ 3,1 bilhões) e os de 2018 (R$ 2,7 bilhões). Mesmo não levando em consideração a crise de geração nas hidrelétricas, chama a atenção um aumento de lucratividade em um ano que foi exatamente marcado pelos riscos de racionamento de energia.
Dreno
“Um absurdo. Jogo sujo”, desabafa um experiente consultor do setor elétrico que pediu anonimato ao Extra Classe. Segundo ele, apesar das regras do setor elétrico estipular que a maior parte da alta nos custos da geração deve ser repassada para os consumidores residenciais e industriais, o que, de fato, está acontecendo seria uma espécie de “dreno de recursos” de uma sociedade que já está sendo muito penalizada pela pandemia. Em 2020, o governo Bolsonaro frente a crise promovida pela pandemia ofertou um financiamento emergencial de R$ 14,8 bilhões para as distribuidoras de energia via um pool de bancos. O pagamento do empréstimo, ao contrário do que foi oferecido para socorrer pequenas e médias empresas, não sairá dos cofres das gigantes do setor elétrico. Segundo o modelo instituído pela equipe econômica conduzida pelo ministro Paulo Guedes, todo o valor que foi disponibilizado deverá ser quitado pelos consumidores por meio das faturas de energia no decorrer de cinco anos e meio.
De novo
No último dia 14 de janeiro, com a ideia de evitar uma forte alta das tarifas em um ano eleitoral, um novo financiamento que segue a mesma lógica de 2020 foi autorizado. Devido a grande estiagem em 2021 e a demora em autorizar o despacho de termelétricas para evitar que os reservatórios das hidrelétricas praticamente chegassem ao seu limite, um “tarifaço” seria inevitável, conclui o consultor ouvido por Extra Classe. As empresas do setor elétrico esperam acessar de R$ 15 bi a R$ 17 bi para cobrir despesas com usinas térmicas e outras medidas adotadas para evitar o racionamento de energia.
Extra Classe///