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Com lance único de R$ 125 mil, empresa do Paraná vence leilão do Parque Estadual do Turvo

Empresa terá o direito de explorar comercialmente uma parte dos atrativos de um dos mais importantes parques do RS

Além do famoso Salto do Yucumã, parque tem pelo menos 95 espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção, como a onça-pintada e a anta. (Foto: Arquivo Rota do Tucumã / Divulgação)

O Parque Estadual do Turvo foi concedido por 30 anos, por R$ 125 mil, à empresa de turismo Três Fronteiras Navegação. O leilão de concessão para escolher a proposta vencedora foi realizado pelo governo do Estado, nesta terça-feira (31), no Palácio Piratini. Embora aberto à concorrência internacional, apenas a empresa vencedora demonstrou interesse na área e se propôs a pagar um valor 74,77% superior ao mínimo estabelecido pelo governo estadual, que era de R$ 71,7 mil.

A empresa, pertencente ao grupo paranaense Macuco Safari, que realiza passeios no Parque Nacional de Iguaçu, terá o direito de explorar comercialmente parte dos atrativos do Parque Estadual do Turvo. Localizado no município de Derrubadas, na região Noroeste do Rio Grande do Sul, junto ao rio Uruguai, o parque compreende uma área de 174 quilômetros quadrados de mata virgem com fauna e flora abundantes. A parte concedida está dentro do espaço destinado para visitação e turismo e corresponde a 0,23 quilômetro quadrado. Segundo o governo estadual, estão previstos investimentos de R$ 11,9 milhões nos seis primeiros anos da concessão.

O parque é considerado a Unidade de Conservação (UC) que abriga a maior parte das espécies ameaçadas de extinção no RS, tanto da flora quanto da fauna. São pelo menos 95 espécies, sendo 50 vegetais e 45 animais, como a onça-pintada, o puma, a anta, o pica-pau-rei, a jacutinga e o uru, entre outras espécies exclusivas ao Parque Estadual do Turvo.

“Estamos tratando da concessão de 22,48 hectares de um total de 17 mil hectares”, explicou Marjorie Kauffmann, secretária estadual do Meio Ambiente, logo após o anúncio da proposta vencedora. Cada hectare corresponde, aproximadamente, às medidas de um campo de futebol oficial.

“Esta parceria busca implementar o turismo ambiental sustentável e ainda deixa o estado no comando daquelas que são suas obrigações essenciais de preservação, de conservação. Estamos dando a razão destes parques existirem: que nossa população possa conhecer esses ambientes da melhor forma possível”, afirmou a secretária, defendendo a concessão como forma de atrair investimentos privados para requalificar e operar parte das unidades de conservação estaduais.

Criado inicialmente como Reserva Florestal Estadual, em 1947, o Turvo foi transformado em Parque Estadual em 1954. O Salto do Yucumã (que na língua tupi-guarani significa o “Grande Roncador”), é uma das atrações do parque, com 1.800 metros de extensão e quedas d’água com até 12 metros de altura, seguindo o curso do Rio Uruguai na divisa entre o Brasil e a Argentina. O salto foi formado devido a uma falha geológica que varia de 90 a 120 metros de profundidade e é uma das maiores quedas longitudinais do mundo.

“Estamos concedendo 0,13% da área do parque para que possamos fomentar o turismo. Não tenho dúvida de que essa concessão promoverá transformações muito positivas. Turismo é sinônimo de desenvolvimento econômico e social, representa geração de emprego e renda e atrai mais investidores, incrementando toda a rede de serviços locais. Veremos um crescimento no município de Derrubadas e em toda a região do salto do Yucumã”, projetou o governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB).

De acordo com os termos do negócio, a concessionária será obrigada a disponibilizar o montante de 1,02% sobre a sua receita operacional bruta a partir do 13º mês do contrato de concessão (cerca de R$ 3 milhões em 30 anos) para uso em macrotemas, que abrangem ações de educação, comunicação e interpretação ambiental, turismo local e integração do entorno, empreendedorismo, pesquisa, manejo de espécies e voluntariado, entre outros.

A concessão de parte da unidade gerou críticas de organizações sociais e chegou a ser alvo de um pedido de impugnação apresentado pelo Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá). O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) considerou a “privatização” do parque uma “ação criminosa” por entender que Parque do Turvo deva se manter como bem comum do povo gaúcho e não nas mãos de uma empresa.

Já o representante da empresa vencedora da licitação, Lucas Teixeira, manifestou o desejo de trabalhar em conjunto com os operadores turísticos locais e demais representantes da sociedade. “Gostaríamos de compartilhar nossa experiência de 36 anos trabalhando com ecoturismo e turismo de aventura no Parque do Iguaçu”, comentou. “Sabemos como é importante trabalhar em conjunto e queremos nos colocar a serviço da sociedade para construirmos juntos este projeto.”

Recentemente, o governo estadual também concedeu à iniciativa privada os parques estaduais de Canela e Tainhas. Há plano de o mesmo ser feito com o Parque Delta do Jacuí e o Jardim Botânico de Porto Alegre.

*Fonte: Sul 21