Especialistas conversaram sobre o tema no Campo em Debate, evento que fez parte da programação da ExpoAgro Cotricampo
Há três anos seguidos sentindo os impactos da estiagem, por conta das perdas provocadas no milho silagem, a pecuária de leite gaúcha tem, sim, futuro. Para isso, precisará passar por mudanças capazes de reverter a crise acentuada pelas condições climáticas. É o que avaliam especialistas que participaram do evento Campo em Debate sobre o tema, dentro da programação da ExpoAgro Cotricampo, no âmbito do 10º Seminário Regional da Atividade Leiteira.
— Hoje nós falamos na seca, mas o problema do leite não é a seca. Agravou com a seca. Mas temos que lembrar que os produtores estão enfrentando problemas já antes da seca — ponderou Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS).
No caminho da transformação estão medidas como a eficiência dos produtores, a redução dos custos e a ampliação do consumo, com o mercado externo se somando ao doméstico para dar vazão às vendas.
— Só o consumo doméstico não é suficiente. Uma menor volatilidade depende dos mercados interno e externo. Quando tivermos competitividade, também estaremos para enfrentar as importações — avaliou Airton Spies, coordenador da Aliança Láctea Sul Brasileira.
E para alcançar o comprador internacional é preciso vencer barreiras, sendo o valor, que traz embutido custos, uma delas. Qualidade do produto, redução nos gastos e melhorias na logística são formas de melhorar essa equação, avalia Spies, ex-secretário de Agricultura, engenheiro agrônomo com PhD na Austrália e mestrado na Nova Zelândia, país que é referência na atividade.
— Enquanto nós produzirmos só para o mercado interno nós sempre vamos estar nessa oscilação de ganha um pouco, perde um pouco e volta — reforçou Darci Hartmann, presidente do Ocergs/Sescoop.
Ao abrir o painel, Gilson Dias Júnior, gestor técnico de bovinos de leite da Agroeceres, destacou fatores “fora da porteira” que envolvem a atividade, mas também os da propriedade, onde o agricultor tem a gestão. Manejo que o torne mais eficiente é uma das ferramentas que ajudam a fazer a diferença.
— Conforto é que faz uma vaca produtiva expressar o resultado do potencial produtivo genético — observou Júnior, ao citar medidas para melhorar o bem-estar do plantel.
Algo que o produtor Paulo Winter, de Humaitá, comprova na prática. O plantel de 50 vacas da raça holandesa é criado no sistema de confinamento. E a família investiu em estruturas para ampliar o bem-estar dos animais, que incluem uma máquina “coçadeira”, equipamento que chama a atenção de quem conhece e observa.
*Fonte: GZH