Em Abu Dhabi, presidente assinou acordos e parcerias nas áreas de energia, educação, infraestrutura e meio ambiente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, neste domingo (16), a criação de um organismo internacional similar ao G-20 para construir soluções para a Guerra da Ucrânia e adotar instrumentos em defesa da paz internacional.
“Todo mundo sabe que eu já propus a criação de uma espécie de G-20 pela paz. Quando houve a crise econômica de 2008, rapidamente nós criamos o G20 para tentar salvar a economia. Agora é importante criar um outro G20 para acabar com a guerra e estabelecer a paz”, afirmou.
A declaração foi dada em entrevista coletiva, em Abu Dhabi, onde o presidente está em missão internacional desde o sábado (15).
Lula também reconheceu que a solução para o conflito não é simples, mas que está empenhado em convencer outros líderes internacionais nesta busca pelo fim da guerra.
“Nós estamos tentando construir um grupo de países que não tem nenhum envolvimento com a guerra, que não quer a guerra, que desejam construir paz no mundo, para conversarmos tanto com a Rússia quanto com a Otan. Nós precisamos convencer as pessoas que a paz é a melhor forma de estabelecer qualquer processo de conversação”, argumentou.
O presidente disse que tratou sobre a Guerra na Ucrânia com o presidente da China, Xi Jinping, e com o xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan, e reforçou com os dois líderes a importância de encontrar o caminho da paz.
“A construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra. A paz está muito difícil. O presidente Putin não toma iniciativa de paz, o Zelenski não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando a contribuição para a continuidade desta guerra”, concluiu o presidente.
Acordos
A passagem do presidente Lula pelos Emirados Árabes Unidos também rendeu a assinatura de acordos e parcerias entre os dois países, totalizando R$ 12,5 bilhões em negociações. O mais comemorado foi um na área de energia e agroindústria sustentável, com a previsão de investimento de até 2,5 bilhões de dólares no projeto Macaúba, uma iniciativa que, segundo o governo, deve favorecer a produção de biodiesel e beneficiar famílias da zona rural da Bahia.
Além desse projeto, o presidente também comemorou a possibilidade de investimento árabe na construção da ponte que liga Salvador a Itaparica, uma obra, segundo o presidente, muito cara e que demanda parcerias internacionais.
“O Jerônimo Rodrigues foi o grande premiado nesta viagem aos Emirados Árabes. E a obra na estrada de Itaparica é muito cara, e precisaremos de parceiros internacionais para construir essa ponte, que trará desenvolvimento para a Bahia”, destacou.
Também foram assinados acordos na área de educação, infraestrutura, energia e meio ambiente. Os Emirados Árabes Unidos sediarão, este ano, a COP 28, um dos mais importantes eventos sobre mudanças climáticas no mundo realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para o Brasil, essa será uma porta aberta para parcerias na área ambiental.
Hoje, segundo o Itamaraty, os Emirados Árabes Unidos são um grande parceiro comercial do Brasil. Em 2022, ele foi o principal destino dos produtos brasileiros exportados para os países árabes, com destaque para o frango e o açúcar.
“O Brasil é um país que tem estabilidade jurídica, estabilidade política e vai se transformar num país de estabilidade econômica. Somos um governo que tem credibilidade na sociedade e com outros países do mundo. Nós garantimos a estabilidade social no país e somos um governo de muita previsibilidade”, afirmou o presidente, mostrando o potencial brasileiro para receber investimentos internacionais.
Extradição
O presidente Lula também confirmou, durante a coletiva de imprensa, a extradição do empresário brasileiro Thiago Brennand. Ele é acusado de crimes sexuais e agressão contra a modelo Alliny Helena Gomes. Brennand viajou para os Emirados Árabes em setembro de 2022, após ser acusado pelo Ministério Público de São Paulo e ser considerado foragido pela Interpol.
“Eu fiquei sabendo que os Emirados Árabes vão fazer a extradição. Quando ela vai acontecer é uma questão da Justiça. A única coisa que eu sei é que se no mundo existir um milhão de cidadãos como este todos merecem ser punidos. Não é aceitável que um brutamonte desses seja agressor de mulheres. Acho que ele tem que pagar”, afirmou o presidente.
*Fonte: Brasil de Fato