Variedade desenvolvida no Estado é mais produtiva e atenderá a agricultores familiares
As pequenas propriedades familiares gaúchas podem contar, em breve, com uma nova cultivar de batata desenvolvida pela Embrapa Clima Temperado, da região de Pelotas. A BRS Gaia foi concebida tanto para autoconsumo quanto para venda e troca entre os agricultores em suas comunidades, mas tem um papel importante também na transição agroecológica. O processo de licenciamento para multiplicação da variedade está em curso, e a disponibilização ao setor produtivo deve começar em, aproximadamente, dois anos.
O lançamento da cultivar, a quarta de batata desenvolvida pela Embrapa na última década, ocorreu em Canguçu, onde há pelo menos 2 mil famílias de agricultores que costumam plantar o tubérculo. Segundo o pesquisador Arione Pereira, a variedade atende majoritariamente aos agricultores que produzem por tradição. “Foi buscada versatilidade de uso, seja para fazer o purê ou preparar batata frita, que é muito utilizada, e que proporcionem sustento alimentar nutricional”, exemplifica. Pereira conta que as principais características, além das aplicações culinárias, são a aparência bonita e a boa produtividade. O tubérculo da variedade tem casca vermelha, polpa amarela média e formato ovalado. Tende a apresentar baixa incidência de desordens fisiológicas que resultam em deformidades. Na prateleira, dura em torno de três meses, dependendo da safra (maior no outono e menor na primavera).
O desenvolvimento de uma cultivar de casca vermelha buscou atender às demandas de consumo da região, onde a preferência é por batatas desta cor. Também visa promover a segurança alimentar, já que a média da produtividade local é inferior a 7,5 toneladas por hectare. Apesar de o Rio Grande do Sul ser o quarto produtor de batata no Brasil (510,8 mil toneladas por ano), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado abriga a maioria (57,6%) dos cerca de 35 mil estabelecimentos produtores do alimento no Brasil. Mais ao Sul gaúcho, as regiões de Pelotas e da Serra do Sudeste concentram mais de 4 mil propriedades que produzem batatas, sendo 91% delas de perfil familiar.
Desde 2011, seis variedades de batatas foram desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético da Embrapa Clima Temperado e Embrapa Hortaliças, do Distrito Federal (DF). Lançada no ano passado, a BRS F50 (Cecília), de pele amarela, foi orientada para o cultivo orgânico, apresentando melhor qualidade de tubérculo do que as principais variedades utilizadas nesse sistema. Já a BRS F183 (Potira), disponível desde 2021, busca atender à indústria de palito pré-frito congelado. De 2015, a BRS F63 (Camila) foi desenvolvida para consumo doméstico e restaurantes, o principal mercado no Brasil. Por isso, apresenta película amarela, que representa cerca de 80% da preferência do mercado nacional. Por fim, de 2011, foram apresentadas as BRS Clara e Bel.
*Fonte: Correio do Povo