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Documentário detalha o histórico comício de Jango na Central do Brasil

Dias antes de ser alvo de golpe, presidente falou a milhares de pessoas e defendeu reforma agrária e outras mudanças

Comício deu início a mobilização popular em favor das reformas de base – Lemad/USP

O discurso do então presidente João Goulart, em 13 de março de 1964, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, foi um dos momentos mais marcantes da história política do país. Recém-lançado, o documentário O Comício das Reformas de Base: 60 anos depois, ainda necessárias, do jornalista Beto Almeida, apresenta detalhes daquele momento e suas repercussões até os dias de hoje.

Naquela noite, uma sexta-feira 13, Jango falou sobre as reformas de base que dão título ao filme. Entre elas, a reforma agrária (incluindo a desapropriação de terras na faixa de dez quilômetros às margens de rodovias, ferrovias e barragens); redução nos valores dos aluguéis; e a transferência de refinarias de petróleo para o controle da União.

“A gente fez um roteiro com base no próprio discurso. Ponto a ponto nós fomos fazendo a seleção dos momentos mais ‘pontiagudos’ do discurso, momentos mais decisivos e radicais no sentido programático-transformador. Não radical retórico, mas radical de mudar mesmo o Brasil, e isso é importante que as novas gerações vejam”, disse ao Brasil de Fato o diretor Beto Almeida.

“Ele [Jango] falou muito melhor de improviso, pois se sentiu muito encorajado, emocionado com a reação do povo, que deu um apoio imenso a ele. Foi um comício histórico. O Brasil parecia, mesmo, que estava a caminho de uma grande mudança”, prosseguiu Almeida, jornalista que integrou a equipe fundadora da Telesur e é conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Todas as pessoas entrevistadas para o filme participaram do comício. Eram, na época, jovens integrantes de correntes e organizações de esquerda. A primeira-dama, Maria Thereza Goulart, que estava ao lado de Jango, também deu um depoimento.

“O documentário foi pensado exatamente porque nesses 60 anos ainda não há uma extração das lições do que aconteceu naquele momento, em 1964; porque aconteceu, e a falta de uma direção que desse sustentação e aproveitasse aquelas condições”, destacou Almeida, citando falta de articulação e mobilização de partidos e organizações de esquerda na época.

A equipe buscou imagens nos acervos do Arquivo Nacional e fotografias do jornal do período, além de imagens que circulam pela internet. Músicas da época ajudam a compor a montagem. O filme, produzido pela TV Comunitária de Brasília, com apoio da TV Comunitária do Rio de Janeiro, está disponível no canal do YouTube da emissora do Distrito Federal. Para assistir gratuitamente, clique aqui.

“O documentário tenta dar uma contribuição com um olhar diferente sobre todos os aspectos: não apenas denunciar o golpe, mas mostrar que havia condições para um avanço maior, mas faltou o elemento decisivo, a direção que fosse até as últimas consequências, colocando o povo na cena central da transformação social”, resumiu.

*Fonte: Brasil de Fato