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La Niña deve reduzir ocorrência de ferrugem asiática

Previsão da Secretaria de Agricultura é de menor incidência do fungo na safra de soja 2024/25 em comparação com o ciclo anterior

Ferrugem asiática é considerada a principal doença da cultura da soja | Foto: Rafael Soares / CP Memória

Com ocorrência durante a safra de soja 2023/24 no Rio Grande do Sul, a ferrugem asiática deverá representar uma ameaça menor no próximo ciclo. A previsão é da pesquisadora Andréia Mara Rotta de Oliveira, do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação. Para o prognóstico, a pesquisadora considera as condições climáticas típicas do fenômeno La Niña.

“O problema com a ferrugem será bem menor na próxima safra. Estamos sob influência de La Niña. Com isso, temos menos chuva e tempo mais seco. A tendência é ter menos ferrugem do que na safra anterior, que esteve sob influência forte da doença”, diz Andréia de Oliveira.

Atualmente, a equipe do Programa Monitora Ferrugem RS trabalha no planejamento das ações para o controle da ferrugem asiática da soja na safra 2024/25, com previsão de início em outubro. Em curso desde 2019, o programa elabora sistemas de aviso de ocorrência da doença, baseado na detecção de uredósporos do fungo causador nas áreas de produção, associado a informações de risco climático para o desenvolvimento da patologia.

Desde o dia 3 de junho, o Rio Grande do Sul encontra-se em período de vazio sanitário da soja, que se estende até o dia 30 de setembro, em todas as regiões do estado. Durante o intervalo, não é permitido manter plantas de soja no campo, voluntárias ou em qualquer fase de desenvolvimento.

Plantio em outubro
Em outubro, no início do período de semeadura, haverá “um tempo mais seco”, projeta a pesquisadora, considerando dados oferecidos pelo Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos do RS.

“La Niña deverá ser fraca e de curta duração. Vai ter maior influência a partir de novembro, com tempo seco, temperaturas mais baixas à noite, fazendo com que diminua o período de molhamento por orvalho. O molhamento folhear é fundamental para a germinação de esporos da ferrugem”, afirma Andréia.

A disseminação dos esporos no Rio Grande do Sul, por meio dos ventos, tem origem em outras unidades da federação, que encerram anteriormente o intervalo sanitário e começam mais cedo o plantio da oleaginosa. Conforme Andréia, a região de Santa Rosa, no noroeste do Estado, tem registrado os esporos iniciais.

“Se houver foco de doença nos outros estados, o vento pode trazer para cá. Como todo Brasil estará sob influência de La Niña, no entanto, a tendência é que baixe a incidência da ferrugem nas demais regiões também”, pondera a pesquisadora.

Durante a safra de verão 2023/24, chuvas e altas temperaturas favoreceram a ocorrência de epidemias de ferrugem asiática da soja em todas as regiões produtoras observadas pelo programa Monitora Ferrugem RS.

Todas as regiões
Os dados referentes à safra 2023/24 foram coletados pela equipe do programa e divulgados na Circular Técnica 23, editada pela secretaria estadual, sob organização de Andréia.

“Os grandes volumes de precipitação e as temperaturas do ar elevadas, decorrentes do El Niño, contribuíram para o surgimento da doença em todas as regiões produtoras. A presença de esporos do patógeno foi observada por quase todo o período de desenvolvimento da cultura, sendo a maior quantidade registrada nos meses de fevereiro e março”, detalha a pesquisadora.

Entre as regiões ecoclimáticas, a Missioneira foi a que registrou a maior quantidade de esporos, seguida da região do Planalto Médio.

A ferrugem asiática é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi e seu monitoramento a campo é feito com coletores de esporos. Durante a safra 2023/24, o Monitora Ferrugem RS acompanhou 74 lavouras, em 73 municípios das 11 regiões ecoclimáticas do Rio Grande do Sul.

Orientação a produtores
Andréia destaca a importância de o produtor acompanhar, durante toda a safra, as informações disponibilizadas pelo Monitora Ferrugem RS, pelo site da Secretaria da Agricultura ou da Emater-RS/Ascar.

“As informações servem de orientação para o uso de fungicidas, evitando aplicações desnecessárias, o que reduz os custos de produção e auxilia a minimizar danos ambientais pelo uso de agrotóxicos”, complementa Andréia.

A pesquisadora salienta que o uso adequado dos defensivos diminui a pressão de seleção sobre populações do fungo, evitando que se tornem resistentes a princípios ativos que compõem os produtos utilizados no controle da doença.

Fonte: Correio do Povo