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Tradição da erva-mate é mantida, mas consumo per capita caiu no RS

Dados foram divulgados pela Emater-RS/Ascar

Dados da Emater apontam que o consumo per capita de erva-mate caiu de 11 para nove quilos
Foto: Emater/Divulgação

O gaúcho não vive sem cevar e degustar um bom chimarrão, mas essa prática vem perdendo adeptos. Dados da Emater apontam que o consumo per capita de erva-mate caiu de 11 para nove quilos, fenômeno verificado após a pandemia. “O hábito de compartilhar o mate reduziu bastante e levou o consumo para baixo também”, afirma o Extensionista Rural da Emater/RS-Ascar e Coordenador da Câmara Setorial da Erva-mate do Estado do Rio Grande do Sul, Ilvandro Barreto de Melo.

Segundo o especialista, a redução do consumo é apenas um dos problemas que têm agravado a crise do mercado gaúcho de erva-mate, assim como a concorrência de produtos que chegam de outros estados, como Santa Catarina e Paraná, e da redução dos preços para os produtores. “Estamos passando pela pior crise do setor ervateiro da história, uma crise mercadológica, por super-oferta de produto oriundo de outros estados e países, como Argentina e Uruguai”, afirma Melo.

Entre os motivos está o incentivo que Santa Catarina e Paraná com a retirada de 5% de valores de tributação do produto, fazendo com que ele chegue ao Rio Grande do Sul muito mais competitivo que a erva mate gaúcha. O segundo problema é a perda de dois quilos per capita no consumo de chimarrão, agravando a sobra de produto no mercado, impactando nos preços ao produtor, mas se mantendo nos mesmos patamares nas gôndolas dos supermercados. “São problemas muito complicados que estão abalando o setor, não só no Estado, mas no Brasil como um todo. Sobre o valor da erva, só quem leva vantagem é o supermercado que não reduziu a faixa de ganho. O que deve seguir por, pelo menos, mais dois a três anos, para retornar à normalidade”, prevê.

O valor alto do quilo de erva para o consumidor fez inclusive com que houvesse uma mudança de hábito na hora de consumir o mate: o tamanho da cuia deixou de ser a grande, tradicional, para uma versão pocket, que possibilite reduzir a quantidade de erva utilizada. Se numa cuia grande se consegue apenas seis cevaduras, em uma pequena, chega a 14. “A grande procura é por porongos pequenos, típicos da região de Santa Maria, e não mais a cuia casco-grosso, da região de Vicente Dutra, que é aquela cuia gigante, “ avalia.

O problema da estiagem também abalou os ervais que tiveram queda na produção da média de 310 mil, em anos normais, para 280 mil toneladas. O momento, agora, é de recuperação já que as chuvas mais regulares têm permitido a boa manutenção das plantas. “Vamos conseguir manter a produtividade e ter um aumento na produção”, diz o extensionista. A produção de erva-mate envolve 14 mil produtores, 250 indústrias e o mercado de erva-mate movimenta mais de R$ 1 bilhão.

Fonte: Ana Esteves / Especial Jornal do Comércio