Encerrada em 12 de outubro, iniciativa ainda está cadastrando votos, mas já destaca o RS entre os estados mais engajados

O Plebiscito Popular 2025 – Por um Brasil Mais Justo e Soberano encerrou sua votação no domingo, 12 de outubro, com uma participação expressiva de 1,5 milhão de votos em todo o país apurados até o momento. Os votos podem ser cadastrados até sexta-feira (17). No Rio Grande do Sul, a mobilização foi ainda mais significativa, representando cerca de 500 mil votos, o que equivale a um terço do total nacional. Esse resultado consolidou o estado como um dos mais engajados na consulta popular.
O plebiscito tinha como principais pautas a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, com o fim da escala 6×1, e a reforma tributária progressiva, que propunha isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil e taxação dos super-ricos, com ganhos acima de R$ 600 mil por ano. Para os organizadores, a consulta se transformou em um instrumento de debate público, aproximando as demandas populares das decisões institucionais.
A história da mobilização no Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, o plebiscito começou a ser articulado em julho, com lançamento oficial no auditório do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários). Desde então, a mobilização percorreu escolas, universidades, associações de moradores e cozinhas solidárias, utilizando urnas físicas e digitais.
Lucas Monteiro, coordenador do plebiscito no estado e integrante do Levante Popular da Juventude, ressaltou a importância do contato direto com a população: “O foco estava em conseguir avançar na mobilização olho no olho. Como fazer com que em cada comunidade, em cada local de trabalho, a gente consiga dialogar diretamente”.
A socióloga Ezequiela Scapini destacou que o plebiscito foi um “instrumento de participação popular”, capaz de “chegar na população, abrir diálogo e colocar o povo em movimento”. Ela acrescentou que esse trabalho de base é essencial, pois “não pode acabar em outubro, o processo precisa continuar para que a consciência sobre os direitos seja ampliada”.
A participação popular e a luta por direitos
O fim da escala 6×1 foi uma das pautas mais debatidas. Trabalhadores como Lucas Vinicius Caldeira expressaram seu descontentamento: “A pessoa não tem uma folga pra poder resolver coisas da vida, poder descansar de fato”. Rafaela Nunes, que participa de atividades comunitárias, acrescentou: “O tempo que temos com nossos filhos ou para cuidar da saúde é muito pouco, e essa jornada compromete tudo isso”.
A proposta de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil também gerou grande engajamento, especialmente no Interior. Eliane Valancielo, coordenadora estadual e secretária de mobilização do PT, afirmou: “Essa isenção coloca mais dinheiro na mão do trabalhador, que gera emprego e movimenta a economia”.
Cidades como Santa Maria, Pelotas e Caxias do Sul destacaram-se pela participação. Monteiro acredita que a iniciativa conseguiu “interiorizar o grito dos excluídos. Levar a discussão sobre direitos e justiça fiscal para cada comunidade”.
A vitória política e os próximos passos
Na avaliação dos organizadores, o plebiscito mostrou que a mobilização popular pode influenciar decisões institucionais. No dia 1º de outubro, a Câmara aprovou a ampliação da faixa de isenção do IR para até R$ 5 mil. Valancielo apontou como um resultado concreto: “Através do plebiscito a gente conseguiu conquistar então a isenção de Imposto de Renda até R$ 5 mil. Isso demonstra a força do povo e o que ele deseja para um Brasil mais justo”.
Monteiro destacou que o plebiscito também fortaleceu a unidade das forças progressistas: “Dos 1,5 milhão e meio de votos, pelo menos 500 mil vieram das urnas aqui do Rio Grande do Sul. Isso mostra a capacidade de mobilização e organização do nosso estado, uma vitória política para o Rio Grande do Sul”.
Apesar do fim da votação, a pressão continua sobre a redução da jornada e o fim da escala 6×1. O projeto de lei, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), ainda está em debate no Senado, com expectativa de análise pela Comissão de Constituição e Justiça ainda em 2025. Monteiro reforça: “Ainda temos aí uma pauta bem importante que é o fim da escala 6×1, que acreditamos ser uma conquista necessária”.
Valancielo projetou a continuidade da mobilização: “Vamos seguir nos próximos períodos para que a jornada de trabalho seja reduzida, que a escala 6×1 seja concretizada e também a tributação das grandes fortunas”. O coordenador da Comissão do Plebiscito Popular, Igor Felippe Santos, avaliou que a campanha permitiu “construir bandeiras de unidade e atuar de forma conjunta para que elas pudessem avançar”.
“O Plebiscito Popular 2025 no Rio Grande do Sul consolidou-se, assim, como mais que uma consulta: foi um movimento de conscientização, debate e mobilização social, mostrando a força da população na luta por direitos trabalhistas e justiça fiscal, com impactos que devem se estender aos próximos anos”, concluiu Monteiro.
Fonte: Marcela Brandes (Brasil de Fato RS)