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Quem fizer algo errado será convidado a deixar o governo, diz Lula

Presidente fez nesta sexta-feira (06) sua primeira reunião ministerial.

Presidente Lula coordena a primeira reunião ministerial de seu governo, no Palácio do Planalto (Foto: José Cruz / Agência Brasil)

No início de sua primeira reunião com toda a equipe de governo, nesta sexta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que seu governo não tem um “pensamento único”.

Entretanto, apesar de divergências, para o presidente, todos da equipe devem trabalhar para o bem comum. “Não somos um governo de pensamento único, de filosofia única, de apenas pessoas iguais. Somos um governo de pessoas diferentes. O que é importante é a gente, pensando diferente, fazer um esforço para que no processo de reconstrução desse país, pensemos igual”.

Sobre sua relação com os ministros, Lula prometeu lealdade e que vai agir como um irmão mais velho ou um pai. “Não deixarei nenhum de vocês pela estrada”, disse aos ministros.

Um pouco antes, o presidente afirmou que também tem compromisso de ser honesto com o povo brasileiro. “Quem fizer errado sabe que tem só um jeito: a pessoa será simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo. E se cometer algo grave a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça”, alertou.

Lula diz que terá a mais importante relação com o Congresso Nacional

Na abertura da primeira reunião ministerial, hoje (6), com a presença dos 37 ministros, no Palácio do Planalto, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a união entre as pessoas para acabar com as “brigas familiares” motivadas pela polarização política. Ele cobrou respeito às leis e à Constituição e uma boa relação com o Congresso Nacional. “Eu vou fazer a mais importante relação com o Congresso que eu já fiz”, garantiu.

Neste sentido, o presidente pediu que os parlamentares sejam bem atendidos em todos os ministérios. “Não mandamos no Congresso, dependemos do Congresso, e por isso, cada ministro tem que ter a paciência e a grandeza de atender bem cada deputado e senador”, acrescentou.

Lula disse que, caso isso não aconteça, o governo vai ouvir o que não quer quando precisar de votos para aprovar matérias importantes. “Temos que saber que nós é que temos que manter uma boa relação com o Congresso Nacional. Não tem importância que você divirja de deputados e senadores. Quando vamos conversar não estamos propondo casamento”, ressaltou, dizendo que as alianças podem ser temporárias em temas que interessem ao povo.

Ainda sobre a relação com o Congresso, apesar de ter cobrado empenho de sua equipe, o presidente afirmou que, se preciso, também entrará em campo pessoalmente junto aos parlamentares.

“Já estive oito anos na Presidência, e gostaria de dizer que dessa vez vocês não se preocupem porque terão um presidente disposto a fazer todas as conversas necessárias com partidos políticos e lideranças”, salientou.

O presidente da República lembrou à equipe [de ministros] que muitos deles são resultado de acordos políticos. “Não adianta ter o governo tecnicamente mais formado em Harvard possível e não ter um voto na Câmara e no Senado”, afirmou.

Agronegócio

Ainda ao falar sobre relação com setores importantes, em outro momento, Lula citou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD-MT). Segundo ele, empresários “de verdade do agronegócio sabem a necessidade da produção sem precisar ofender ou adentrar a floresta amazônica ou qualquer bioma”.

Metas

Antes do início da reunião, em mensagem publicada no Twitter, o presidente disse que o objetivo do encontro de hoje é “organizar os trabalhos. Estou otimista com o início do governo. Pegamos a casa mal cuidada, mas já estamos trabalhando porque nossa responsabilidade é muito grande com o povo brasileiro. Bom dia!”, escreveu.

Fazem parte da pauta principal da primeira reunião ministerial as metas para os 100 primeiros dias de governo. O discurso inicial de Lula – de 20 minutos – foi aberto à imprensa e a reunião segue neste momento fechada. Após uma apresentação do chefe da Casa Civil, ministro Rui Costa, sobre pontos levantados pela equipe de transição, cada ministro terá cinco minutos para expor suas prioridades.

Antes de a reunião começar, a primeira-dama Janja Lula Silva presenteou os ministros com a foto tirada no dia da posse de Lula com a equipe ministerial completa.

Presidente quer salto de qualidade na educação, cultura e saúde

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta sexta-feira (6), durante sua primeira reunião com os 37 ministros de seu governo, a necessidade de dar um salto de qualidade na educação, na cultura e na saúde do país. “Esse será o mandato da minha vida, todo mundo sabe que eu tenho obsessão para acabar com a fome e melhorar a saúde do povo. Porque eu conheço muita gente que morreu com receita no criado-mudo do lado da cama e não tinha R$ 50 para comprar um remédio”, afirmou o presidente no Palácio do Planalto.

Ainda na área da saúde, Lula citou vários problemas identificados pela equipe de transição e disse que quer mudar a realidade em regiões que hoje não são cobertas por várias especialidades médicas e nas Unidades de Pronto Atendimento. “Chegamos a avançar com o Farmácia Popular, o Mais Médicos, que simplesmente foi destruído. Muitas pessoas morrem sem serem atendidas pelo tal do especialista por não ter vaga. Se nós não resolvermos esse problema, nós não estamos fazendo jus às expectativas que o povo depositou em nós”, disse.
Educação

Na área de Educação, Lula adiantou que terá uma reunião com chefe da pasta, Camilo Santana, para tratar da situação das 4 mil obras paralisadas. “Na semana que vem, eu já quero ter uma reunião com você para discutir o que a gente vai visitar de reforma em escola, porque nós temos 4 mil obras na área da educação paralisadas. Eu não sei se é creche, universidade, instituto federal, mas o que tiver a gente vai ter que colocar a mão na massa”, disse Lula.

O presidente destacou a escola do ex-governador do Ceará para o comando da pasta. “Dentre todos os estados, o Ceará, ao longo de muitos anos, vem tendo a mais importante história de educação fundamental e de ensino básico”, lembrou. Para Lula, é preciso ter consciência de que se a criança não for formada no ensino fundamental e básico ele terá mais dificuldade de se tornar um profissional bem formado. “O Brasil não pode passar mais um século exportando minério de ferro, soja e milho. Temos que exportar conhecimento e inteligência”, disse.
Cultura

À nova ministra da Cultura, Margareth Menezes, que comanda uma das pastas recriadas nesse novo mandato de Lula, o presidente disse que pretende fazer uma revolução cultural no país. “O povo precisa de cultura, porque parte da violência existe pela ausência do Estado no cumprimento das obrigações. Tá faltando saúde, educação, lazer, esporte, quase tudo”, observou.

O petista acrescentou que a pasta Cultura abarca o desenvolvimento dos jovens, da população em situação de vulnerabilidade. “Que jovem nós estamos criando? O Estado, ao invés de culpar o povo pobre da periferia, tem que ocupar a ausência do Estado e estar presente onde o povo precisa de nós”, cobrou.

Ao falar de sua disposição para os próximos quatro anos o presidente brincou: “esse compromisso não arredo o pé. Vocês vão ver o senhor de 77 anos com energia e que não vai ter um minuto de cansaço enquanto a gente não conseguir resolver problema da sociedade”.

Fonte: Agência Brasil