"Por meio de programas sociais, Lula tirou milhões da pobreza e transformou a vida da maioria negra e da minoria indígena. Bolsonaro deu um golpe em tudo isso", diz a revista.
4 de maio de 2022, 08:34 h
Lula (Foto: Reprodução/Time)
247 – A revista Time publica nesta quarta-feira (4) sua mais nova edição que traz o ex-presidente Lula (PT), definido como o "presidente mais popular do Brasil", na capa. "O segundo ato de Lula", diz o texto: "o presidente mais popular do Brasil retorna do exílio político com a promessa de salvar a nação". A reportagem diz que Lula, aos 76 anos, "esperava uma vida mais tranquila longe dos salões do poder". “A política vive em cada célula do meu corpo, porque eu tenho uma causa. E nos 12 anos desde que deixei o cargo, vejo que todas as políticas que criei para beneficiar os pobres foram destruídas". "O sonho do Brasil que Lula perseguiu durante sua presidência de 2003 a 2010 está em frangalhos, diz ele. Por meio de programas sociais progressistas, pagos pelo boom de produtos brasileiros como aço, soja e petróleo, o governo Lula tirou milhões da pobreza e transformou a vida da maioria negra e da minoria indígena do país.
Bolsonaro deu um golpe em tudo isso, descartando políticas que ampliavam o acesso de pessoas pobres à educação, limitavam a violência policial contra comunidades negras e protegiam terras indígenas e a floresta amazônica . A Covid-19 já matou pelo menos 660.000 brasileiros. O pedágio, o segundo maior do mundo, provavelmente foi piorado por Bolsonaro, que chamou o vírus de ‘gripezinha’, apelidou as pessoas que seguiam as orientações de isolamento de ‘idiotas’ e se recusaram a tomar uma vacina e a comprar doses para os brasileiros quando estivessem disponíveis", destaca a matéria. A Time ainda menciona a ameaça que Jair Bolsonaro (PL) representa à democracia brasileira. "Bolsonaro, um defensor da ditadura militar do século 20 do país, convocou comícios em massa contra juízes que o desagradam e atacou jornalistas críticos.
Ele também passou meses alertando sobre fraude eleitoral no Brasil, em um eco do comportamento do presidente Donald Trump antes das eleições americanas de 2020. Em abril, ele sugeriu que as eleições poderiam ser ‘suspensas’ se ‘algo anormal acontecer’. Se ele perder, alertam os analistas, é provável que haja uma versão brasileira do motim de 6 de janeiro [invasão do Capitólio]. Se ele vencer, as instituições brasileiras podem não aguentar mais quatro anos de seu governo". Sobre supostos temores do mercado com sua eventual volta ao poder, Lula diz: “sou o único candidato com quem as pessoas não devem se preocupar [com a política econômica]. Porque já fui presidente duas vezes. Não discutimos políticas econômicas antes de vencer as eleições.
Primeiro, você tem que ganhar as eleições. Você tem que entender que em vez de perguntar o que vou fazer, apenas olhe para o que eu fiz". O ex-presidente também comentou sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia. "’Dois chefes de Estado eleitos, sentados à mesa, olhando-se nos olhos’, podem resolver quaisquer divergências". Para Lula, o presidente dos EUA, Joe Biden, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, têm culpa na guerra. “Os Estados Unidos têm muita influência política. E Biden poderia ter evitado [a guerra], não incitado. Ele poderia ter participado mais. Biden poderia ter tomado um avião para Moscou para conversar com Putin. Esse é o tipo de atitude que você espera de um líder. (…) Vejo o presidente da Ucrânia, falando na televisão, sendo aplaudido, sendo aplaudido de pé por todos os parlamentares [europeus].
Esse cara é tão responsável quanto Putin pela guerra. Porque na guerra, não há apenas uma pessoa culpada”. O petista afirmou ser preciso renovar as instituições globais. "As Nações Unidas de hoje não representam mais nada. Os governos não levam a ONU a sério hoje, porque tomam decisões sem respeitá-la. Precisamos criar uma nova governança global". “O Brasil voltará a ser protagonista no cenário internacional”, prometeu Lula.