Mobilização nacional denuncia o encarecimento do custo de vida, a retirada de direitos e os escândalos de corrupção
Marcos Antonio Corbari, Marcelo Ferreira e Fabiana Reinholz Brasil de Fato | Porto Alegre |
Em Porto Alegre, milhares de manifestantes se reuniram em frente à prefeitura e seguiram em caminhada até o largo Zumbi dos Palmares –
Foto: Carolina Lima
Faixas, cartazes e panelas batendo foram alguns dos recursos utilizados por milhares de gaúchos e gaúchas, neste sábado (9), na retomada dos protestos contra o governo Bolsonaro após as manifestações que pediram seu impeachment em 2021. Os atos fazem parte do “Dia Nacional de Mobilização – Bolsonaro nunca mais", que chamam a atenção para o alto custo de vida da população brasileira, que por conta das políticas federais sofre com o aumento do preço dos alimentos e combustíveis, a volta da fome e o desemprego. Assim como nos protestos do ano passado, os manifestantes criticaram as denúncias de corrupção envolvendo o governo federal. O caso mais recente lembrado no ato, foi a influência de pastores evangélicos no orçamento do Ministério da Educação (MEC), o motivou a exoneração do agora ex-ministro Milton Ribeiro.
No estado, ocorreram manifestações nas cidades de Bagé, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Pelotas, Rio Grande, Santana do Livramento e em Porto Alegre. Registrou-se a presença de movimentos sociais, sindicatos e centrais sindicais, movimento estudantil, partidos políticos e população em geral. O Brasil de Fato RS, junto de veículos alternativos do estado, transmitiu o ato na capital gaúcha. Ato em Porto Alegre A manifestação da Capital iniciou por volta das 15h, com concentração no largo Glênio Peres, em frente à prefeitura, onde lideranças de organizações, movimentos sociais e centrais sindicais destacaram, em um carro de som, a importância da unidade para derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo. O ato contou com bateria e intervenção cultural onde os artistas fizeram menção à corrupção no MEC e à fome que cresce no país.
Também lembraram o veto de Bolsonaro a lei Paulo Gustavo. Tamyres Filgueira, da Frente Povo sem Medo, ressaltou que 2022 é importante porque é o ano "onde a gente vai derrubar Bolsonaro, não apenas nas urnas, mas nas ruas também". Ela destacou a necessidade de derrotar também os bolsonaristas e o projeto neoliberal "que tira dinheiro da educação, da saúde, para dar para os banqueiros, empresários, enquanto nesse país temos gente passando fome". Disse ainda que a tarefa agora é voltar para as casas e fortalecer o convite para os próximos atos. Com uma camiseta escrita “Lava tua alma, Brasil”, o ex-deputado estadual pelo PT Edson Portilho destacou que o povo brasileiro não aguenta mais a situação econômica atual, a alta do preço do combustível e dos alimentos e os cortes na saúde e na educação.
“Bolsonaro está destruindo o nosso país, destruindo a economia e consequentemente a classe trabalhadora, por isso estamos nas ruas gritando ‘fora Bolsonaro’”, frisou. O presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Amarildo Cenci, lembrou que o povo brasileiro quer emprego, renda, o fim dos despejos e um país mais justo, mais desenvolvido e com mais democracia. "A classe trabalhadora, os movimentos sociais e a população em geral está empenhada em recuperar o Brasil para o rumo do desenvolvimento, da justiça, e diz hoje em alto em bom som: ‘Fora Bolsonaro, Bolsonaro Nunca Mais’." Vice–presidenta estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/RS), Silvana Conti também afirmou que o inimigo comum "se chama Bolsonaro e o bolsonarismo" e que eles estão se organizando.
"Temos que reconstruir o Brasil e para reconstruir precisamos fazer um grande esforço de unidade de todos e todas, de todos os partidos que acreditam que o amor vai vencer o ódio. Chega de genocídio, chega de machismo, chega de LGBTfobia. Nossa luta está apenas começando!", disse. O diretor do Sindipetro-RS, Dary Beck Filho, destacou a alta nos preços dos combustíveis que massacra a população, resultado da política de preço de paridade internacional (PPI) praticada pelo governo federal. "Estão empobrecendo nosso povo, cobrando em dólar o preço dos combustíveis, para enriquecer os acionistas dos Estados Unidos e os importadores. Estamos nessa luta, temos que tirar Bolsonaro e eleger um projeto em que a Petrobras seja indutora do desenvolvimento do país, como ela pode e deve ser", disse. Presidente do Ceprol – Sindicato, que representa os professores de São Leopoldo, Cris Mainardi esteve no ato em Porto Alegre.
Tecendo críticas aos escândalos de corrupção do governo Bolsonaro no Ministério da Educação, ela destacou que "as escolas não precisam de bíblias, mas de recursos para garantir uma educação de qualidade". O deputado estadual Edegar Pretto (PT) disse que o povo ocupa as ruas da capital gaúcha "portando um mar de esperança de um novo Brasil que nós haveremos de reconstruir". Lembrou que a população não aguenta mais o alto custo de vida. "Chega de fome, nós não queremos mais esse Brasil da exclusão, do desrespeito e do fascismo, nós queremos de novo o povo sendo cuidado", argumentou. pouco fez frente às reivindicações dos pequenos agricultores e camponeses do estado atingidos pela seca. "Cadê o governador que em nome da sua vaidade renunciou em meio a maior estiagem da história do nosso estado? Não é possível que nesse Rio Grande onde tudo que se planta dá, que nós estejamos pagando a comida mais cara do país", completou. O vereador porto-alegrense Pedro Ruas (PSOL) destacou que não só no estado, mas em todo o país, a população está mobilizada "para acabar com o fascismo no Brasil".
"Estamos marcando presença firme, forte, decidida de todo um povo, de toda sociedade contra esse genocida, contra esse homem que abusa do poder, contra esse homofóbico, contra esse assassino, contra alguém que está contra os interesses dos nosso país", disse.
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