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CUT-RS e centrais cobram reposição de 10,3% no mínimo regional

Sem reajuste nos dois últimos anos, piso recebido por mais de 1,5 milhão de trabalhadores no estado é o menor da Região Sul. Dirigentes entregaram manifesto à ALRS

Por Gilson Camargo / Publicado em 5 de agosto de 2021 Centrais sindicais reivindicam reajuste do piso regional, congelado desde 2019, pelo INPC

Foto: Carolina Lima/CUT-RS

 

 

Em um ato simbólico realizado na manhã desta quinta-feira, 5, na Praça da Matriz, a Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS) e demais centrais sindicais cobraram do governo do estado e de deputados estaduais a reposição de 10,3% no salário mínimo regional de 2021. A mobilização das centrais cobrou do governo gaúcho a retirada da proposta de reajuste de 2,73% enviada à Assembleia Legislativa (ALRS) e a abertura de negociações com a participação dos parlamentares. O percentual reivindicado pelos trabalhadores não é de aumento real, mas de reposição das perdas do período. Corresponde à variação do INPC em 2019 e 2020, em que o piso regional teve reajuste zero. Após a manifestação, os dirigentes das centrais foram recebidos em audiência pelo presidente da ALRS, deputado Gabriel Souza (MDB), a quem entregaram um manifesto do Forum das Centrais Sindicais do RS em defesa do salário mínimo regional. O reajuste do mínimo regional será pauta de uma audiência pública no dia 11 de agosto, às 9h, na Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, da ALRS. No documento, as centrais lembram que o piso regional está congelado há dois anos e meio, desde 1º de fevereiro de 2019, prejudicando cerca de 1,5 milhão de trabalhadores gaúchos. “Apesar disso, o projeto do governador Eduardo Leite (PSDB), enviado em 15 de julho aos deputados estaduais, prevê um reajuste de apenas 2,73%. Com isso, as cinco faixas salariais ficariam entre R$ 1.270,93 e R$ 1.610, 61”.

Mediação da Assembleia Legislativa

A audiência foi acompanhada pela Associação Gaúcha dos Advogados Trabalhistas (Agetra). As centrais cobraram dos parlamentares que façam a mediação de uma negociação com o governo no sentido de rever a proposta de reajuste do Executivo que será votada na Casa. “Nossa reunião com o presidente da ALRS foi com o intuito de cobrar dos deputados uma postura diferente daquela que eles adotaram no ano passado, quando votaram reajuste zero”, relatou Antonio Güntzel, secretário de Administração e Finanças e representante da CUT-RS no encontro. As lideranças argumentaram ao deputado Gabriel Souza que a proposta de 2,73% de reajuste do governo está muito aquém daquilo que os trabalhadores merecem e precisam. ‘Solicitamos que ele fosse o interlocutor de uma mesa de negociação diretamente com o governador e se entenderem que a Fiergs e a Fecomércio querem participara, para nós não terá nenhum problema, como aliás nunca tivemos ressalvas em negociar com a patronal”, explicou Güntzel. Ele lembrou que a proposta do governo representa um reajuste de 30,00 diante dos 34% de aumento da cesta básica nesses dois anos. “Daria para comprar um quilo de feijão, dois quilos de arroz, uma lata de óleo e um quilo de farinha, isso se o trabalhador pesquisar bem”, alertou o representante da CUT-RS. O presidente da ALRS “assumiu o compromisso de buscar o espaço de diálogo, pois também entende que o reajuste está aquém daquilo que precisa ser feito”, avalia.

Proposta indecente de reajuste

“A proposta do governador é indecente, pois só repõe metade da inflação de 2020, o que é inaceitável. Além disso, é preciso resgatar as perdas de 2019, uma vez que no ano passado os deputados governistas, chantageados por empresários atrasados, aprovaram reajuste zero e o governador sancionou”, destacou o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci. “Por isso, as centrais reivindicam 10,3% de reajuste”, justificou. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), nos últimos dois anos a cesta básica de Porto Alegre acumulou alta de 34,7%, variando mais de três vezes o INPC do período. “E os preços dos combustíveis e do gás de cozinha dispararam”, salientou. O dirigente da CUT-RS lembra que os anos em que o Brasil teve reposição da inflação e aumentos reais no salário mínimo foram de maior geração de emprego e renda, mas “o achatamento da remuneração só trouxe acumulação da renda nas mãos de poucos, aumento do desemprego e mais desigualdade”, contrapõe. Cenci defendeu a abertura de uma agenda de diálogo entre as centrais e os deputados de todas as bancadas. “Queremos construir uma emenda ao projeto do governador que seja capaz de recuperar as perdas com a inflação. O mínimo regional é fator de distribuição de renda, valorização do trabalho e estímulo para a geração de emprego e o crescimento da economia gaúcha”, ressalta.

Em SC e PR, 10,62% e 12,29% de reajustes

Santa Catarina e Paraná, que têm características socioeconômicas semelhantes ao Rio Grande do Sul e também adotaram o piso regional, reajustaram o salário mínimo de forma cumulativa, em 10,62% e 12,29%, respectivamente, nos últimos dois anos, ao contrário do RS, aponta o Dieese. Nesses dois estados, houve variações menores na taxa de desemprego (Paraná +0,4 ponto percentual.) ou até queda da taxa de desemprego (Santa Catarina -1,0 ponto percentual) entre o 1º trimestre de 2019 e o 1º trimestre de 2021 em comparação ao RS (+1,2% ponto percentual). A taxa de desemprego dos gaúchos (9,2%) é superior à de Santa Catarina (6,2%) e menor que do Paraná, 9,3%. “Isso confirma que não passam de lágrimas de crocodilo a choradeira dos empresários atrasados que todos os anos repetem a ladainha de que o piso regional gera desemprego”, ressalta Antonio Güntzel.

 

 

 

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