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Coronel da PM renuncia e diz que Bolsonaro é antítese do que é um militar

‘Como todo falastrão, defende o militarismo, mas foi um indisciplinado por excelência’ (Marcos Corrêa/PR)

 

 

 

O coronel da reserva da PM de São Paulo Glauco Carvalho apresentou nesta quarta-feira (8) sua renúncia ao cargo de vice-presidente da Associação de Oficiais da PM em razão de discordar da maioria dos demais associados, que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A decisão foi tomada após reunião da diretoria, na qual Glauco expôs seus motivos. Em carta entregue aos colegas, ele disse: "É a decisão mais coerente que eu poderia tomar. Se apregoo e defendo a democracia nada mais justo e lícito que pedir minha saída, uma vez que o eleitorado da Associação de Oficiais é majoritariamente bolsonarista", afirmou. Glauco comandou o policiamento da capital do estado antes de passar para a reserva.

Em janeiro, disse que se sentia envergonhado como militar diante de "tantas ações atabalhoadas, extravagantes, ridículas e mesquinhas" do governo Bolsonaro. Na carta entregue nesta quarta, o coronel volta à carga contra o presidente. "Convivi com um jovem deputado chamado Jair Messias Bolsonaro no inicio dos anos 90. Ele é a antítese do que é um militar na acepção lata da palavra", afirmou. "Como todo espertalhão, prega a ordem, mas descumpriu a ordem estabelecida em normas legais no final dos anos 80. Como todo falastrão, defende o militarismo, mas foi um indisciplinado por excelência. Como todo estelionatário, prega moralismos, mas é useiro e vezeiro em transgredir preceitos éticos públicos. Como todo incauto, despreza e desdenha da doença e da dor alheias. Como todo insensato, cria confusões e disputas em torno de problemas que na realidade não existem.

Como todo radical, agride verbalmente e ofende seus adversários. Como todo imaturo, não pode ser contrariado. Como todo estulto, quer valer-se das armas para depor os mecanismos pelos quais ele foi alçado ao poder. Como todo arrivista, quer o poder pelo poder", disse Glauco. O coronel também criticou a aproximação de Bolsonaro com o ‘centrão’, afirmando que o Planalto hoje ‘depõe sua confiança em parte do estamento político contra o qual fez toda sua campanha’ como Roberto Jefferson e Valdemar Costa Neto. "Suas relações incestuosas com a família Queiroz são o retrato mais aparente da prática delituosa da família Bolsonaro", afirmou Glauco. Segundo ele, a oficialidade cometeu ‘grave erro, um erro histórico’ devido a integrantes que, ‘por um engodo, tem feito uma opção que julgo não ser a mais adequada’. "Temos que analisar o quadro desprovido das lentes da ideologia, que esse governo tanto apregoa. Não podemos agir como torcida organizada. O fim do campeonato nem sempre pode nos ser benéfico".

 

 

Agência Estado/dom total///