Ao comentar sobre últimos eventos, climatologista atesta que chuvas de um mês têm caído em um ou dois dias
Falta de planejamento urbano e modelo de prevenção esgotado explicam destruição deixada após temporais amplificados pela emergência climática (Douglas Magno/ AFP)
O aquecimento global está fazendo com que fenômenos raros se tornem cada vez mais frequentes e os governos não estão se preparando para a nova realidade, a despeito dos alertas dos cientistas. A avaliação é do coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o meteorologista e climatologista José Marengo, ao falar sobre os recentes episódios de chuvas intensas no sudeste. "Estamos vivendo um clima de extremos", sustenta Marengo. "Os extremos de chuva estão aumentando e essa é uma tendência também para o futuro; a chuva que era para cair em um mês, está caindo em um ou dois dias." O número de mortos em consequências das fortes chuvas que atingem Minas Gerais desde a última quinta-feira, 23, chegou a 47 nesta segunda-feira, 27.
A quantidade de desalojados chegou a 14.609 e o de desabrigados, a 3.386. Diante da tragédia, o Estado ampliou para 101 o número de municípios em situação de emergência em função dos temporais. No Espírito Santo, a chuva deixou 8.914 desalojados e desabrigados e nove mortos. De acordo com o especialista, a causa direta das chuvas dos últimos dias é a zona de convergência do Atlântico Sul, a grande faixa de nuvens que se estende da floresta amazônica até o oceano e é responsável pelas chuvas na região central do País e no Sudeste. A elevação das temperaturas do planeta, no entanto, faz com que fenômenos extremos como as últimas chuvas em Minas – as mais intensas dos últimos 100 anos – se tornem cada vez mais frequentes. "A comunidade científica já mostrou que os extremos de chuvas estão ficando mais intensos e frequentes, mas isso parece ser ignorado pelas autoridades", constata Marengo. "Os piscinões parecem ser subdimensionados, os bueiros estão entupidos com lixo que a população deixas nas ruas, os governos são mais reativos que proativos, prevenção é muito raro nas comunidades. Ou seja, precisamos de estar preparados para reduzir a vulnerabilidade da população."
Rio
Duas pessoas morreram vítimas das chuvas e das enchentes que atingem o norte e o noroeste do Estado do Rio. A primeira vítima foi o músico Anderson Titolei, que morava em Porciúncula e morreu no sábado, 25. Nesta segunda-feira, 27, o Corpo de Bombeiros encontrou no Rio Muriaé, em Itaperuna, o corpo do auxiliar de padeiro Taciano dos Reis Gama, de 19 anos, que pulou no rio no sábado, acompanhando três amigos.
Agencia Estado/dom total///