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Weintraub é advertido por Comissão de Ética por comentário sobre Lula e Dilma

‘Não é esperado de um ministro da Educação o papel de uma autoridade impulsiva, destemperada, que ofende quem quer que critique’, afirmou relator

 

 

No mesmo dia, MBL pediu a saída do ministro: "Infelizmente, a inadequação de Weintraub ao cargo não se resume à sua intemperança verbal. Ela é mais grave (Valter Campanato/Ag.Brasil)

 

 

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu, por unanimidade, punir o ministro da Educação, Abraham Weintraub, com uma advertência, nessa terça (28). Em reunião fechada, o colegiado recomenda que Weintraub se "atente aos padrões éticos em vigor" segundo voto do relator ao qual a reportagem teve aceso. O ministro virou alvo da comissão em setembro, quando, a pedido dos deputados Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Paulo Pimenta (PT-RS), foi aberto um procedimento para apurar se houve desvio de conduta por publicações de Weintraub contra os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT. O processo na comissão questionava críticas feitas aos ex-presidentes do PT após o episódio do militar flagrado com 39 quilos de cocaína em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) – que fazia parte da comitiva de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em junho. O ministro também relacionou Lula e Dilma às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). "Tranquilizo os ‘guerreiros’ do PT e de seus acepipes (sic): o responsável pelos 39 kg de cocaína NADA tem a ver com o Governo Bolsonaro. Ele irá para a cadeia e ninguém de nosso lado defenderá o criminoso. Vocês continuam com a exclusividade de serem amigos de traficantes como as FARC", afirmava Weintraub em uma das publicações. "No passado o avião presidencial já transportou drogas em maior quantidade. Alguém sabe o peso do Lula ou da Dilma?", escreveu ele em outra postagem à época. Relator do caso, o conselheiro Erick Vidigal escreveu em seu voto que não é esperado de um ministro da Educação o "papel" de uma autoridade "impulsiva, destemperada, que ofende quem quer que critique". Vidigal também criticou uso do "cargo público" para "ampliar a divisão existente atualmente na sociedade brasileira, incitar o ódio, a agressividade, a desarmonia". As punições impostas pela Comissão de Ética têm caráter administrativo, como advertência e censura ética. Dependendo da gravidade, é possível sugerir a demissão do cargo. As recomendações, porém, não precisam ser acatadas pelo governo. Em sua defesa, Weintraub apontou "audácia e a falta de vergonha dos subscritores da denúncia", referindo-se aos deputados do PT. O ministro disse ainda que caberia "uma série de qualificações ainda mais contundentes" aos ex-presidentes, como "bandido, criminoso, presidiário e marginal, dentre outros (a Lula), e à outra (Dilma), críticas ainda mais mordazes do que ser chamada meramente de ‘uma droga’, por meio indireto". "Quem comete crime pode tranquilamente ser chamado de ‘uma droga’, afinal, o crime é algo que merece supremo repúdio legal e social, ao passo que a referida expressão remete a um sentimento de desaprovação muito mais suave", escreveu a defesa de Weintraub. O ministro pediu ainda o arquivamento do caso e suspeição do relator. O conselheiro Erick Vidigal era funcionário da Secretaria-Geral da Presidência, mas pediu demissão no dia anterior a abertura de processo contra Weintraub, após mais de três anos no governo. Apesar disso, ele possui mandato no colegiado até 2021. À época especulou-se que Arthur Weintraub, irmão do ministro e assessor do presidente Bolsonaro, poderia assumir uma vaga na Comissão de Ética.

Outros casos

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, há intenção de abrir outros dois procedimentos contra Abraham Weintraub, como por chamar o presidente da França, Emmanuel Macron, de calhorda oportunista e sem caráter; em outro caso, por ele ter dito, também nas redes sociais, que "petista só enriquece roubando". Os pedidos de apuração, no entanto, ainda não foram deliberados.

MBL pede saída de Weintraub

O Movimento Brasil Livre (MBL) divulgou nota nesta terça-feira, 28, pedindo a saída do ministro Abraham Weintraub do Ministério da Educação. "Em virtude do trabalho lamentável que ele tem exercido à frente de uma das mais importantes pastas ministeriais", diz o MBL na nota para justificar o pedido. "Infelizmente, a inadequação de Weintraub ao cargo não se resume à sua intemperança verbal. Ela é mais grave", completa. O movimento cita também os erros na correção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O MBL, que tem o deputado Kim Kataguiri (DEM-RJ) como seu representante na Câmara, pede que Weintraub seja substituído por alguém "competente, técnico e responsável, à altura do importante cargo que ocupa".

Veja a nota na íntegra: "O Movimento Brasil Livre (MBL) vem em nota pedir a saída do ministro Abraham Weintraub do Ministério da Educação, em virtude do trabalho lamentável que ele tem exercido à frente de uma das mais importantes pastas ministeriais. A presença do ministro Weintraub é incompatível com um governo que, durante a campanha eleitoral, prometeu um ministério de notáveis. O ministro Weintraub, entretanto, se notabiliza, exclusivamente, por sua falta de decoro e incompetência. No que concerne à falta de decoro, basta-nos recordar as inúmeras declarações descabidas que o ministro deu ao longo do ano passado. Formam uma lista extensa, da qual basta citar a alusão ao escritor Kafta (primo árabe, talvez, do tcheco Kafka), a declaração sobre as supostas "plantações extensivas de maconha" nas universidades públicas; o xingamento "égua sarnenta e desdentada", desferido contra a mãe de uma internauta que lhe questionava. É, realmente, como diria o ministro, imprecionante. Infelizmente, a inadequação de Weintraub ao cargo não se resume à sua intemperança verbal.

Ela é mais grave. Paralisia e ausência de projetos para a educação caracterizam a sua passagem pelo ministério. Por fim, estamos assistindo a erros sucessivos na condução do ENEM: notas incorretas, recorreções e, neste momento, o vazamento do SISU, descumprindo ordem judicial. Resta claro que Abraham Weintraub não tem os predicados de um ministro da educação. Falta-lhe a postura do cargo, a iniciativa e a competência, até no que se refere a algo elementar como a simples divulgação correta das notas do ENEM. Ele deve ser substituído por alguém competente, técnico e responsável, à altura do importante cargo que ocupa."

 

 

Agência Estado/dom total///