O município de Campo Novo tem um novo prefeito.
Após uma sessão extraordinária da Câmara de Vereadores, nesta sexta-feira (06), que durou mais de doze horas, o então chefe do executivo local, Antônio Sartori (PSB) teve seu mandato cassado por dois terços do legislativo, em decisão da CPI que apurou investigação da prática de ilícito político-administrativo. Dessa maneira, o vice-prefeito, Iliandro César Welter (PT), assume o comando da prefeitura.
Foram acolhidas duas de três denúncias formuladas pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Campo Novo, Hermínio Fin. A primeira delas acusa o então prefeito Antônio Sartori de inviabilizar o exercício das funções do vice-prefeito, Iliandro Welter, previstas nos artigos 51 e 52 da Lei Orgânica Municipal. Segundo a denúncia, o vice-prefeito não participava de decisões administrativas, não era informado de atos e não teve uma estrutura de gabinete para trabalhar, como manda a legislação, inclusive com dotação orçamentária.
A segunda denúncia acolhida pelos vereadores, foi de que o então prefeito Sartori procedeu de forma incompatível com a dignidade e o decoro do cargo, ao proferir declarações públicas ofensivas, através da imprensa, buscando atacar membros da Câmara de Vereadores, inclusive utilizando palavras de baixo calão, como quando chamou os integrantes dos partidos de oposição de “vermes”, conforme consta em gravação juntada ao processo. Apenas não foi aceito pelos vereadores o denominado Fato 02 das denúncias, onde era relatado que o prefeito rescindiu o contrato de comodato de bens móveis do município com o sindicato, como forma de prejudicar o trabalho da entidade após o presidente do sindicato ter subscrito um abaixo-assinado, solicitando melhorias em uma estrada rural. Como votou cada vereador Dos nove vereadores que compõe o legislativo de Campo Novo, oito compareceram à sessão desta sexta-feira.
O vereador João Luiz de Lima (PSB), apresentou atestado médico e foi a única ausência. Foram favoráveis às duas denúncias descritas acima, seis vereadores: Ademar Aguiar (PTB), Jocemar Scherer (PTB), Júlio Cézar da Rosa (PSB), José Carlos de Araujo (PSDB), Marciéli Reis (MDB) e Nelson Masarro (PDT). Votaram contrários à duas denúncias, dois vereadores: Airton Canova (PSB) e Renato José de Lima (PSD). Quanto ao Fato 02 da denúncia, de prejuízos ao STR, os oito vereadores presentes à sessão votaram pela improcedência desse pedido. O advogado criminalista, Sergio Pires, fez a defesa do prefeito afastado, Antônio Sarori. Durante a sessão, ele utilizou o tempo de duas horas, para tentar o convencimento dos vereadores. O próprio Sartori acompanhou toda a sessão, mas não se manifestou.
Trabalho de dois meses de investigação A presidente da comissão processante, vereadora Marciéli Reis, disse que o trabalho foi muito árduo. A Câmara recebeu a denúncia, por parte do presidente do STR, no dia 04 de outubro de 2019, sendo lido e votado o recebimento da denúncia em sessão plenária do dia 07 de outubro, quando, por unanimidade, os vereadores acolheram o pedido e formaram a comissão, através de sorteio entre os nove vereadores. Além da vereadora Marciéli, que presidiu a comissão, também ficou estabelecido o vereador Jocemar Scherer, como relator, e o vereador Renato de Lima como membro. A comissão teria até 90 dias para encerrar os trabalhos, mas conseguiu a conclusão final em dois meses. Ao longo desse período foram ouvidas pessoas indicadas pela defesa e também pelos próprios vereadores, além da juntada de diversos documentos necessários para a investigação.
O plenário da câmara esteve lotado na sexta-feira, por pessoas da comunidade, que acompanharam a sessão de julgamento do início ao fim. Novo prefeito foi empossado ainda na noite de sexta-feira Com a decisão da Câmara de Vereadores pela cassação de Antônio Sartori, foi empossado já na noite desta sexta-feira e prestou juramento, o novo prefeito, Iliandro Welter.
A partir de segunda-feira (09), caberá a ele comandar os destinos do município, como chefe do executivo. A defesa do prefeito afastado, Antônio Sartori, adiantou que irá recorrer judicialmente da decisão tomada pelo poder legislativo, já que não há uma segunda instância administrativa para este tipo de processo.
Texto: Vinicius Araujo///