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Abundam nas redes sociais perguntas que a ‘grande mídia’ não sabe fazer, muito menos responder.

 

A prisão de Walter Delgatti Neto, líder dos hackers presos. (Montagem Brasil 247)

 

Por Marco Lacerda*

A chamada ‘grande imprensa’ (incluindo aqui a maior emissora de TV do país) está morta e sepultada. Quando uma notícia importante aparece na manchete dos jornais ou das TVs ela já está há horas mofando nas redes sociais. A explicação é simples: com a crise que o país atravessa há anos, houve demissões em massa em todos os veículos de comunicação. Os profissionais demitidos foram embora levando com eles talento, experiência e suas fontes de informação, matéria-prima sem a qual não se faz jornalismo de verdade. No lugar deles ficou um bando de repórteres e comentaristas bonitinhos/as que não passam de broas-de-vento, incapazes de emitir opinião/informação consistente sobre nada.

A galera demitida instalou-se nas redes sociais onde dá surras diárias na suposta grande mídia, que de grande não tem mais nada. A presença de bons profissionais nas redes provocou um efeito colateral: todo mundo virou jornalista, uma profissão que não requer diploma para ser exercida. Mas vamos ao lado positivo. Tomemos como exemplo o atual episódio da vazajato, que culminou com a prisão dos hackers envolvidos e uma avalanche de depoimentos.

Com megafones aos berros, bons profissionais denunciam no Facebook, Twiter etc:  Estamos sendo esmagados por duas histórias da carochinha, duas novelas fantásticas e absurdas, inventadas uma pela esquerda e outra pela direita. Duas grandes lorotas fabricadas em torno do tal hackeamento dos telefones das autoridades – uma lorota da esquerda e outra da direita.

Direita e esquerda estão pedindo que a gente acredite que um bando de canalhas com uma montanha de processos, prisões e passagens pela polícia, por estelionato e outros crimes, roubou as comunicações de Sergio Moro e entregou tudo, de graça, a Glenn Greenwald, o dono do site The Intercept Brasil. Ou seja, esperam que acreditemos que essa matilha teve um surto de patriotismo em defesa do bem comum.

No meio do engodo, a imagem de Sergio Moro se apequena.

Mesmo sendo jornalista, padeço de um mal incompatível com a profissão: sou um crédulo, tendo a acreditar no inacreditável. Mas, peralá. Alguém da oposição foi hackeado? Alguém do PT? Não? Então do PCdoB? Não? Então do PDT? Não? Que coisa, né? Mil neguinhos hackeados, e ninguém da esquerda?

Manuela D’Ávila, candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad, deu depoimento explicando suas ligações com os hackers. Alcançou o ápice do cinismo com declarações tão verdadeiras quanto sua fé católica exibida naquela missa durante a campanha eleitoral. Quem, em sã consciência, fica "amiga" de um hacker que invadiu o seu celular? Se roubarem a casa dela, provavelmente vai convidar o ladrão pra tomar um cafezinho. Por que um hacker, que quebrou o sigilo de membros do primeiro escalão da República, precisaria da Manuela para chegar a Glenn Greenwald, sendo que o contato é disponibilizado no Intercept? O cara consegue quebrar a criptografia de um dos apps mais seguros do mundo, mas não consegue achar a aba "contato" em um site?

Na cegueira coletiva que as redes denunciam, na qual esquerda e direita espalham histórias que fato nenhum sustenta, chegou-se à sandice de tentar envolver um funcionário do MP de Curitiba, que, angustiado perante os malfeitos, fez-se herói, copiou os dados e entregou ao Intercept. É mole?

No meio desse engodo, a verdade é que Sergio Moro se apequena. Como assim, destruir as mensagens? Sem perícia, sem examinar? Como assim, parir às pressas uma lei para expulsar os inimigos pessoais da vez? O que que é isso, Doutor!

Uma notícia tratada como fake nas redes é confirmada por um jornalista confiável da grande imprensa: Glenn Greenwald de fato teve um infarto e foi submetido a um cateterismo no Hospital Samaritano, no último dia 22, segunda-feira, no Rio.

Enquanto isso, passa batido uma notícia de extrema gravidade: o roubo de 720 quilos de ouro no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Alguém explica de quem era o ouro, vinha de onde, qual seria o destino da carga? Que tal oferecer uma recompensa para quem der informações sobre que diabo de ouro era esse?

PS/ Este texto contém informações, transcritas literalmente, de vários profissionais, jornalistas ou não, publicadas no Facebook.

*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do Dom Total.

 

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