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Manifestantes protestam em frente à Casa Branca contra visita de Bolsonaro

‘Um encontro entre Bolsonaro e Trump legitima o fascismo e essa nova ultradireita que está crescendo no mundo’, disse um dos organizadores do protesto.

 

Manifestantes protestam em frente a Casa Branca contra a visita de Jair Bolsonaro aos EUA. (Eric Baradat/AFP)

Por Lisandra Paraguassu

WASHINGTON – Um grupo de cerca de 50 pessoas, na sua maioria norte-americanos, se reuniu nesse domingo em frente à Casa Branca para protestar contra a visita do presidente Jair Bolsonaro.

Com cartazes e faixas com a foto de Bolsonaro e a frase "Ele Não", os manifestantes fizeram um protesto pacífico, sem serem incomodados pelo Serviço Secreto norte-americano que faz a segurança do local.

"Um encontro entre Bolsonaro e Trump legitima o fascismo e essa nova ultradireita que está crescendo no mundo. Não podemos deixar isso passar em branco", disse Michael Shallal, da organização DC United Against Hate, uma das organizadoras do protesto.

Bolsonaro ficará hospedado a poucos metros do local do protesto, mas o presidente ainda não havia chegado a Washington enquanto os ativistas gritavam palavras de ordem. "A gente ouve e lê o que está acontecendo no Brasil e fica muito preocupado, até com nossas famílias", disse à Reuters uma brasileira presente à manifestação.

Lacy MacAuley, ativista moradora de Washington, levou o bebê de menos de 1 ano para o protesto. "Nós temos que pensar no mundo que vamos deixar para ele", disse. "Nós temos que defender as pessoas. Estamos aqui protestando contra um encontro de governos fascistas, racistas, que oprimem os mais pobres, as mulheres", afirmou.

Para Barbara Silva, tradutora e professora de português e espanhol na capital americana, Bolsonaro defende "um discurso de ódio", embasado em muitos preconceitos contra mulheres, negros e apoiadores do movimento LGBT. Ela também aponta que a defesa do presidente brasileiro de Juan Guaidó como presidente legitimo da Venezuela também pode aumentar a tensão entre os governos de Brasília e de Caracas. "Temo que os EUA possam utilizar a aproximação com a nova administração Bolsonaro para vender mais armas, o que certamente não é algo favorável à paz."

Barbara segurava dois cartazes, um no qual dizia "todos contra o fascimo" e outro com as fotos de Trump e de Bolsonaro com a frase "Ele não" em português e inglês. Ela apontou também que do encontro entre dois líderes podem surgir notícias positivas. "Há uma agenda que deve tratar de economia, como a exportação de carne do Brasil para os EUA, o que é favorável. Da reunião, não haverá somente pontos negativos", frisou.

Na avaliação do analista de políticas de uma organização não governamental, cujo primeiro nome é Jessi, Bolsonaro tem muitas similaridades com Trump por ter uma postura de intolerância contra "as pessoas que não pensam como ele", o que gera um ambiente de animosidade e divisão social. "Seria importante que o presidente do Brasil não adotasse um comportamento tão próximo ao de Donald Trump, mas não tenho expectativa de que Jair Bolsonaro vai mudar no curto prazo, o que é ruim."

"O Bolsonaro representa um tipo de fascismo religioso e discrimina pessoas negras, encoraja a violência policial. Desde que ele foi eleito ouvimos mais e mais notícias de homossexuais e negros mortos pela polícia. Estou aqui não por condenar Bolsonaro, mas o fascismo", afirmou Rhys Baker, inglês de 31 anos, que trabalha em comunicação digital em uma rede de TV. Ele disse ter ficado sabendo da situação do Brasil através do jornalista americano Glen Greenwald.

 DC United Against Hate DC United Against Hate

Já Ben, americano ativista que não quis dizer o sobrenome, fez uma pós-graduação em estudos latino-americanos e disse ter muitos amigos brasileiros em Washington. "Bolsonaro representa tudo o que sou contra: sexismo, racismo, homofobia, transfobia. É terrível em todas as esferas", disse.

A convocação para o ato foi feita através de redes sociais pelo movimento intitulado DC United Against Hate. A chamada para a movimentação trazia os dizeres: "sem Bolsonaro em DC! Solidariedade com o anti-fascismo internacional".

Pauta

Bolsonaro anunciou esta semana que o destaque da visita será a assinatura de um acordo que permitirá o lançamento de satélites americanos a partir da base de Alcântara, no Maranhão (nordeste).

Espera-se também que ambos os líderes discutam medidas para aumentar o comércio bilateral e a entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Também vão abordar a crise na Venezuela. A oposição ferrenha ao que os dois governos consideram uma "ditadura" no país caribenho é um dos temas que mais une os presidentes.

Os Estados Unidos estão à frente dos mais de 50 países – entre eles o Brasil – a reconhecer o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino, e aplicou sanções econômicas e um embargo ao petróleo venezuelano, crucial para a sua economia, que começará a vigorar em 28 de abril.

Reuters/dom total///