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Alvo de ameaças, Jean Wyllys decide não assumir mandato e deixar o país

Parlamentar, que acaba de ser eleito pelo terceiro mandato consecutivo pelo PSOL do Rio de Janeiro, afirmou que está fora do país, de férias e que não pretende voltar; "O [ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: ‘Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis’. E é isso: eu não quero me sacrificar", contou à Folha; ele pretende se dedicar à carreira acadêmica

24 DE JANEIRO DE 2019 ÀS 15:51 //

 

 

Eleito para o terceiro mandato como deputado federal pelo Rio de Janeiro, Jean  Wyllys (PSOL) anunciou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que optou por não assumir o mandato e deixar o Brasil. Em seu Twitter, ao divulgar o link da notícia, ele declarou: “preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores”.

 
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Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé! ✊ https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/01/com-medo-de-ameacas-jean-wyllys-do-psol-desiste-de-mandato-e-deixa-o-brasil.shtml 

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Único homossexual assumido no Congresso nacional, Jean tem sido alvo de campanhas difamatórias por parte de conservadores desde que iniciou sua carreira política. Em dezembro, o deputado federal eleito Alexandre Frota (PSL) foi condenado por injúria e difamação contra Jean, por atribuir a ele, em postagem nas redes sociais, a frase “a pedofilia é uma prática normal em diversas espécies de animal (sic), anormal é o seu preconceito”.

Mesmo com a decisão judicial, porém, os ataques ao parlamentar não cessaram. Jean tem tentado se afastar da associação de sua imagem com a pedofilia, mas segue sendo acusado e difamado. Além disso, desde o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, também do PSOL, ele vive com escolta policial permanente.

Ele menciona, ainda, as recentes informações de que familiares de um chefe da milícia investigada por associação na morte de Marielle trabalharam para o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL). “Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário. O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”, disse ele à Folha.

Na entrevista, ele também destaca uma das principais fake news que circularam durante as eleições, a questão do kit gay, a qual foi atribuída a ele. “Além dessas ameaças de morte que vêm desses grupos de sicários, de assassinos de aluguel ligados a milícias, havia uma outra possibilidade: o atentado praticado por pessoas fanáticas religiosas que acreditavam na difamação sistemática que foi feita contra mim”, colocou.

O parlamentar cita ainda o aumento contra pessoas LGBTs nos últimos dias no país e a sua falta de condições em sair nas ruas sem escolta. “Para o futuro dessa causa, eu preciso estar vivo. Eu não quero ser mártir. Eu quero viver”, colocou.

O jornal relata que Jean já está no exterior, de férias, e não irá retornar para o Brasil. Ele pretende seguir com a carreira acadêmica, possivelmente se dedicando a um doutorado e ao livro que está escrevendo.

Segundo o G1, a Secretaria-Geral da Câmara informou que o suplente de Jean é o vereador carioca David Miranda, que também é homossexual assumido e marido do jornalista Glenn Greenwald, fundador do Intercept, com quem tem dois filhos.

* Com informações da Folha de S. Paulo e G1

 

sul 21///