Mas, apesar da constatação alarmante sobre os 12 anos, Zuberi acredita que o prazo pode ser maior. (Pixabay)
Por Patrícia Almada
Repórter DomTotal
O mundo precisa refletir sobre as mudanças que vem acontecendo com relação ao clima. De acordo com cientistas e órgãos internacionais, o mundo tem apenas 12 anos para se preparar para efeitos severos e realmente prejudiciais à população em virtude da sociedade industrial em que se vive.
As declarações foram feitas pelo professor da Universidade da Pennsylvania, nos Estados Unidos, Tukufu Zuberi, na noite desta quinta-feira (6) na Dom Helder Escola de Direito durante o seminário do grupo de pesquisa da Instituição “Jurisdição e adoção de políticas públicas de desenvolvimento socioeconômico sustentável”, com a coordenação do professor Márcio Luís. O seminário teve como tema ‘políticas públicas para a sustentabilidade’.
Além do professor Márcio Luís, o coordenador do direito integral da Dom Helder e o reitor da EMGE, Franclim Sobral Brito, participou dos debates.
“A questão central é o aquecimento global provocado pela emissão de carbono. Em breve vai se elevar ainda mais o aumento do nível dos oceanos, o que vai prejudicar, por exemplo, a agricultura, dentre outras consequências. Esse impacto pelo aquecimento global é que geraria nesses próximos 12 anos uma situação enorme de dificuldade. E o acordo de Paris, por si só, será insuficiente”, afirma Zuberi.
Mas, apesar da constatação alarmante sobre os 12 anos, Zuberi acredita que o prazo pode ser maior, o que não diminui a preocupação. “Eu não acredito muito nesse juízo final que alguns cientistas colocam, mas prefiro prestar atenção no que eles têm a dizer e refletir a respeito” conclui.
Lutas dos povos desfavorecidos
Tukufu Zuberi conta que no mundo há muitas narrativas nacionais que explicam como estamos. Essas narrativas podem levar a equívocos que conduzem ao autoengano.
“Por exemplo, nos Estados Unidos há uma narrativa nacional de que a liberdade nasceu na revolução americana. E na França eles também têm o mesmo autoengano de que a liberdade nasceu na Revolução Francesa. A independência do Brasil também nos leva a ter essa mesma ilusão. E em todas essas narrativas, as pessoas mais socialmente desfavorecidas não participaram do processo. As mulheres também, historicamente, não participaram do processo e nem da narrativa. Além dos povos originários, nativos, que também não participaram do processo de liberdade”, explica.
Apesar da não participação de alguns povos, o Zuberi ressalta que o mundo está passando por grandes mudanças nos últimos séculos. “ Há mais ou menos duzentos anos, as lutas das populações marginalizadas e as mulheres têm transformado essa realidade. É necessário começar uma nova narrativa para transformar a sociedade em que vivemos. É necessário que essas pessoas participam do processo”, disse.
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