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Após sair do PDT, Fortunati diz ter propostas de sete partidos

Ex-prefeito alegou rumos políticos diferentes / Ramiro Furquim jornal JÁ.

 

José Fortunati, ex-prefeito de Porto Alegre, confirmou ontem após 15 anos sua saída do partido trabalhista, o PDT. Uma carta, onde alegou rumos políticos diferentes, foi entregue ao presidente estadual da legenda, o deputado federal Pompeo de Mattos, que oficialmente respondeu como “total ingratidão” a debandada de Fortunati.

Publicamente, o ex-prefeito desconversou e não falou qual será seu novo partido. Disse apenas ter convite de pelo menos sete partidos: PSB, PR, PRB, PSD, PV, PTB e Rede e que escolherá o partido que lhe der a chance de concorrer ao senado.

A saída de Fortunati acontece dois anos após seu primeiro conflito na sigla, quando um atrito com vereadores da sua base de governo do PDT o fizeram a pedir licença da sigla. Após isso a relação nunca mais foi a mesma.

Fortunati também já foi filiado ao PT, partido que saiu em 2001 após divergências políticas. Um ano antes, foi eleito com 39 mil votos para vereador da Capital, a maior votação alcançada para este cargo em Porto Alegre.

Confira a íntegra do PDT sobre a desfiliação de José Fortunati: 

A executiva estadual do Partido Democrático Trabalhista (PDT) recebeu no dia 06 de novembro de 2017 carta do ex-prefeito José Fortunati, solicitando abertura do processo de escolha do candidato do partido ao senado da república nas eleições de 2018, ponderando que tal fosse feito até o dia 16 de dezembro quando ocorrerá a convenção estadual do partido.

A executiva estadual do PDT, em reunião, delegou a esta presidência a responsabilidade de fazer consulta a outros postulantes do cargo, especialmente o ex-deputado Vieira da Cunha e o ex-prefeito de Osório Romildo Bolzan Junior, que após serem contatados, abriram mão de qualquer pretensão à candidatura, liberando o partido para indicar Fortunati como pré-candidato ao senado.

Este presidente levou a informação à reunião da executiva estadual realizada na noite desta segunda-feira 27 de novembro de 2017, quando então foi definido que, o único nome para a disputado do senado seria o de José Fortunati e, tal indicativo seria levado à convenção do dia 16 de dezembro.

Após esta definição, ainda durante a reunião, a executiva foi surpreendida com a entrega da carta de desfiliação de Fortunati.

Ninguém no PDT foi tão prestigiado como Fortunati desde sua filiação ao partido em setembro de 2001, senão vejamos:

Fortunati concorreu em 2002 a deputado federal fazendo cerca de 50 mil votos e não se elegeu. Em janeiro de 2003 quando o PDT compôs o governo Rigotto, indicou Fortunati ao cargo de Secretário de Estado da Educação, o qual foi nomeado e desempenhou a função durante 4 anos, sendo o cargo mais relevante do partido no governo Rigotto, mesmo Fortunati estando filiado ao PDT a pouco mais de 1 ano e 3 meses.

Em 2006, Fortunati concorreu novamente a deputado federal e fez cerca de 30 mil votos. Não se elegendo, foi nomeado secretário de planejamento do governo Fogaça em Porto Alegre. Em decorrência disso, o PDT perdeu o vereador Dr. Goulart, pretendente do mesmo cargo e também o suplente de vereador, DJ Cassiá, que assumiria mandato na Câmara de Vereadores da capital no lugar de Dr. Goulart.

Em 2008, Fortunati foi indicado pelo PDT candidato a vice-prefeito de Porto Alegre na chapa vitoriosa encabeçada por José Fogaça.

Em 2010, na eleição de governador, o PDT em pré-convenção tirou indicativo de coligação com Tarso Genro, podendo indicar o vice na chapa do candidato do PT. O PDT mudou seu posicionamento e concorreu a vice na chapa de Fogaça, o qual renunciou a prefeitura de Porto Alegre, tornando Fortunati herdeiro do mandato por quase 3 anos. O PDT perdeu a eleição ao Piratini, mas Fortunati ficou em nome do partido como prefeito de Porto Alegre.

Em 2012 o PDT ungiu o nome de Fortunati para disputar a reeleição à prefeitura de Porto Alegre, que teve a chapa vitoriosa em primeiro turno.

Em 2015, a deputada estadual Regina Becker Fortunati, eleita pelo PDT, pediu desfiliação do partido para ingressar na Rede Sustentabilidade. O PDT através de sua executiva deliberou em não reivindicar judicialmente o mandato da deputada, tendo em conta que se tratava da esposa do prefeito do PDT da capital gaúcha.

Em março de 2015, durante o segundo mandato de Fortunati como prefeito, houve uma crise de desentendimento com a bancada do PDT da Câmara de Vereadores. O então prefeito, “licenciou-se do partido”. Embora não exista esta figura jurídica, o PDT teve compreensão e considerou a decisão de Fortunati.

Na eleição municipal de 2016, Fortunati não apoiou o nome do candidato do PDT, Vieira da Cunha, como seu sucessor, mesmo assim o partido relevou a atitude do então prefeito que preferiu Sebastião Melo (PMDB) como candidato.

Em 2017 a direção estadual agendou 37 reuniões de coordenadorias em todas as regiões do Rio Grande do Sul para discutir candidaturas ao governo do estado e ao senado federal. O ex-prefeito de Canoas, Jairo Jorge, hoje pré-candidato ao Piratini, se apresentou para o debate, participando de todas as reuniões, enquanto Fortunati participou de apenas 4 reuniões iniciais, desinteressando-se do debate mesmo sendo o único postulante ao senado pelo PDT.

Em sua primeira carta em 06 de novembro de 2017, Fortunati pediu que a decisão do partido em relação à candidatura do senado fosse até a data da convenção, prevista para 16 de dezembro. A nova carta deixa claro que Fortunati não aguardou o prazo que ele mesmo sugeriu, abandonando o partido, surpreendendo a todos.

Essa atitude de Fortunati demonstra total ingratidão, uma vez que o partido sempre disponibilizou as melhores oportunidades ao ex-prefeito, que novamente seria prestigiado com a candidatura ao senado.

Provavelmente Fortunati antecipa sua saída ao tomar conhecimento de que a pretendida vaga ao senado lhe estava garantida, deixando evidente que não queria mais permanecer no PDT.

Deputado Pompeo de Mattos, presidente estadual do PDT.