O teatro Guararapes, em Olinda (PE), ficou pequeno para a multidão que foi assistir a peça “O Topo da Montanha”. Apresentação tomou contornos de um ato de resistência quando um coro entoou “Fora, Temer” e foi respondido por Lázaro: “Grito junto!”; nos últimos dias, pesquisas Datafolha, Vox e Ibope confirmaram que Temer conseguiu unir o Brasil contra ele; segundo a Vox, 92% veem o Brasil no rumo errado; no Ibope, só 4% aprovam Temer; no Datafolha, 85% exigem diretas-já; ou seja, depois de ser colocado no por meio de um golpe que arruinou a economia e a imagem do Brasil, ele se tornou um gigantesco estorvo
1 DE MAIO DE 2017 ÀS 16:32 //
Da revista Fórum
Centenas de pessoas lotaram, na noite deste sábado (29), o teatro Guararapes, em Olinda (PE), para assistir à peça “O Topo da Montanha”, com os atores Lázaro Ramos e Taís Araújo. A obra trata sobre a vida de Martin Luther King.
Com uma plateia lotada de negros e negras, a apresentação tomou contornos de um ato de resistência. Logo no início da peça, um coro de “Fora, Temer” tomou conta do teatro. Ao final, mais uma sessão da palavra de ordem por parte da plateia, que foi acompanhada, desta vez, pelos atores em cena.
“Momento de luta. Grito junto, claro!”, disse Lázaro.
*Com informações do Blog Social 1
Há muito não se via o Teatro Guararapes tão movimentado quanto esteve na noite de sábado (29) para a peça O Topo da Montanha, com Lázaro Ramos e Taís Araújo. Houve fila pra comprar ingresso, trocar, entrar no teatro… A vivacidade de um público diverso e ávido, e, sobretudo, o espetáculo recompensaram. Quisera mais gente tivesse podido ir! Em cena, dois atores negros dos mais graúdos da TV brasileira, que furaram o cerco da branquidade nos papéis principais da teledramaturgia, interpretando Martin Luther King – um dos líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos EUA – e uma camareira do hotel onde ele foi morto, personagem ficcional, que se conhecem na noite anterior ao assassinato.
Antes do espetáculo, um “Fora Temer!” foi gritado e aderido em coro pela plateia, que reunia, mais do que normalmente, turbantes e black powers. Na peça de Katori Hall, Luther King está em Memphis, Tennessee, no início de abril de 1968, envolvido na greve dos trabalhadores de limpeza urbana. Na interação com a camareira critica a atuação de jovens negros extremistas que saquearam lojas em marcha puxada por ele – logo ele, que pregava o discurso do amor e da não-violência. Mude geografia, tempo, causa e terá um esqueleto para a história atual.
No recorte da peça, Martin Luther King está abatido, cansado das lutas e pouco crente em dias melhores. Não sabe mais o que falar em seus sermões, mas também teme a morte por ainda haver muito a fazer e falar. A fragilidade do MLK cênico humaniza o presbítero tornado herói.
Ao fim do espetáculo, Lázaro e Taís pregam que cada espectador deve “passar o bastão” adiante, no sentido de que, após Luther King, outros tantos vieram e continuaram o sonho dele, que dura até hoje, por igualdade e direitos humanos respeitados. “Momento de luta… Grito junto, claro!”, disse Lázaro, com voz embargada, após mais um “Fora Temer!” dito em coro pela plateia, emocionado pelo teatro lotado, plateia e balcão. “Essa peça fala sobre afeto, respeito e coragem nesse momento de ódio”, continuou o ator, que, ali, era mais um a levar pra frente o sonho de Luther King.