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O plano Jucá fracassou. E agora, Temer

A presidente Dilma Rousseff foi afastada porque não conseguiu oferecer proteção à classe política, diante da Lava Jato, e não pelo motivo alegado das pedaladas fiscais; o que muitos caciques esperavam é que seu substituto, Michel Temer, fosse capaz de colocar em prática o plano do senador Romero Jucá (PMDB-RR) de "estancar essa sangria", num acordão que envolveria até o Supremo Tribunal Federal; no entanto, o tiro saiu pela culatra; Eduardo Cunha foi preso e pode levar uma centena de deputados; além disso, os principais senadores do PMDB estão na linha de tiro e o próprio Senado foi alvo de uma inédita batida policial; incapaz, assim como Dilma, de oferecer proteção, é Temer quem agora passa a correr riscos

23 DE OUTUBRO DE 2016 ÀS 15:49 //

247 – Por que a presidente Dilma Rousseff foi afastada do cargo? Oficialmente, em razão das "pedaladas fiscais", uma prática comum a praticamente todos os governos.

No entanto, Brasília inteira sabe que o motivo real foi outro. Dilma não conseguiu deter a Operação Lava Jato, oferecendo proteção à classe política. Muitos deputados e senadores chegaram até a desconfiar de que Dilma pretendia levar a operação ao limite, provando que ela, e apenas ela, não tinha rabo preso com a corrupção.

Foi nesse contexto em que surgiu a conversa entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, revelando a real natureza do processo de impeachment. Era necessário "estancar essa sangria", contendo a Lava Jato, num acordo que envolveria até o Supremo Tribunal Federal.

Eis a mercadoria que se esperava de Michel Temer.

Ele, no entanto, não foi capaz de entregá-la e hoje são seus aliados no processo de impeachment que entram na linha de tiro. 

O principal deles, Eduardo Cunha, foi preso na última quarta-feira e, se vier a delatar, pode levar junto mais de uma centena de deputados, comprovando a tese de que o impeachment foi "uma assembleia de bandidos presidida por um bandido", como disse o escritor português Miguel Sousa Tavares.

Se isso não bastasse, os principais senadores peemedebistas foram alvo de acusações de propina nas revistas semanais, na mesma semana em que o Senado foi alvo de uma inédita batida policial.

Sem resultados na economia, com popularidade baixíssima, e incapaz de proteger a classe política, é Temer quem, a partir de agora, entrará na mira dos mesmos políticos que derrubaram Dilma.