"Em 1992, bastaram menos de quatro meses entre a apresentação da denúncia e minha renúncia. Hoje, o rito é o mesmo, mas o ritmo e o rigor, não", afirmou o senador, lembrando que o parecer apreciado no Senado tem 126 páginas e o dele tinha apenas meia página com dois parágrafos. "Em 1992, fui instado a renunciar na suposição que acusação contra mim era verdadeira. (Posteriormente), fui absolvido de todas acusações pelo STF e foi pela mais alta Corte do País que não houve crime".
Collor continuou e avaliou, em pronunciamento no mesmo Senado que o julgou, que "todas as tragédias que se podem imaginar reduzem-se a uma: o transcorrer do tempo", para depois citar o suposto crime de responsabilidade pelo qual Dilma está sendo julgada. "O maior crime de responsabilidade está na irresponsabilidade com o desleixo da política", disse ele, sem nominar a presidente.
Em seguida, o parlamentar falou nominalmente da presidente e disse que alertou-a, por meio de interlocutores e em raras ocasiões, sobre o impeachment, mas foi ignorado. "Não foi por falta de aviso; desde o início do governo fui a interlocutores de Dilma. Sugeri que Dilma pedisse desculpas por tudo o que ocorreu na campanha eleitoral; alertei sobre a possibilidade de Dilma sofrer impeachment", afirmou. "Fizeram ouvidos de mercador".
Para o ex-presidente, o pano de fundo das crises é o sistema presidencialista de governo, com o qual usufruímos apenas de "espasmos de democracia". Ele ainda criticou a Lei do Impeachment e considerou que o todo sistema está em ruínas. "Isso requer reconstrução. Uma nova política precisa prevalecer, seja qual for o resultado de hoje", emendou.
Por fim, o senador, citou uma biografia sobre ele a ser lançada que o isenta de crimes e emendou, sem declarar voto contrário ou favorável ao impeachment. "A história me reservou este momento, devo vivê-lo no estrito cumprimento do dever." Após descer do púlpito, Collor foi cumprimentado por membros da mesa e ainda por vários colegas de todos os partidos.
Agência Estado